sábado, 31 de agosto de 2013

Folha de São Paulo: Venda de fatia restante de Eike na MPX ainda é incerta


RAQUEL LANDIM
DE SÃO PAULO
RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA


A venda da fatia que Eike Batista ainda possui na empresa de energia MPX está correndo mais devagar do que o empresário -e seus credores- gostariam.

Reorganização da empresa está no centro da crise

As negociações são complexas, mas os recentes resultados da empresa também deixaram os investidores mais cautelosos.

A empresa alemã E.ON, que já era sócia de Eike e acertou o aumento de sua participação neste ano para 38%, tornando-se acionista majoritária, já sinalizou que não pretende fazer novas ofertas, segundo apurou a Folha.

A companhia avalia que consolidar as dívidas da MPX -o que seria necessário caso atingisse mais de 50% de participação- deterioraria ainda mais os números de seu balanço.

Cerca de 14 grupos manifestaram interesse pela empresa, incluindo investidores financeiros e empresas do ramo, segundo apurou a Folha com fontes próximas às negociações.

Mas nenhuma proposta firme foi feita até o momento.

Eike depende da venda de suas fatias na MPX e na MMX para pagar suas dívidas nos bancos Itaú e Bradesco.

Executivos de bancos credores de Eike ouvidos pela reportagem apostam que é apenas uma questão de tempo para que a venda seja realizada, porque a empresa já fez a maior parte dos investimentos previstos e começou a gerar receita.

Arte Folha 



ATRASOS
O desempenho da companhia nos últimos meses, entretanto, vem frustrando executivos e investidores. A empresa amargou atrasos sucessivos para colocar em funcionamento as suas usinas. Hoje há três em operação e outras três em construção.

O problema é que as plantas apresentaram uma série de problemas operacionais ao longo deste ano. Em maio, duas tiveram de parar completamente para reparos.

Os percalços fizeram com que a empresa não conseguisse entregar toda a energia contratada, obrigando-a a recorrer ao mercado.

A MPX ganhou contratos com o governo em leilões, por meio dos quais se comprometeu a entregar determinada quantidade de energia.

Quando não consegue gerar o volume acertado, precisa alimentar o sistema comprando eletricidade de outras companhias.

Até junho, a empresa precisou contabilizar gastos de cerca de R$ 400 milhões para honrar contratos de fornecimento.

"Foram muitos atrasos e um início de operação frustrante. Eles têm previsibilidade de receita, mas, se começam a ter um custo muito alto, esse ganho se perde", afirma Beatriz Anantes, analista da Empiricus Research.

Procurada, a EBX negou as informações.