DENISE LUNA e MARIANA SALLOWICZ DO RIO
Em meio a uma grave crise de desconfiança, empresas do grupo EBX, de Eike Batista, anunciaram prejuízo de R$ 5,5 bilhões no segundo trimestre do ano.
A perda foi puxada pela petroleira OGX, que, após problemas operacionais, abandonou poços e teve sua produção reduzida.
A OGX teve prejuízo de R$ 4,7 bilhões entre abril e junho, ante R$ 398,6 milhões há um ano. A dívida com empréstimos e financiamentos chegou a R$ 8,7 bilhões no período -ao fim de junho de 2012, era de R$ 7,9 bilhões.
As quatro empresas do grupo que haviam divulgado seus resultados até a conclusão desta edição (OGX, OSX, MPX e MMX) fecharam o segundo trimestre no vermelho, traduzindo em números a crise iniciada no ano passado, quando a OGX frustrou investidores ao produzir bem abaixo dos 15 mil barris diários inicialmente projetados.
Segundo a OGX, o prejuízo decorre principalmente de despesas de R$ 3,6 bilhões referentes à provisão para perda dos investimentos nos campos Tubarão Azul, Tubarão Gato, Tubarão Areia e Tubarão Tigre -a empresa anunciou que suspenderia planos de exploração nas áreas.
Além disso, a petroleira teve perda de R$ 491 milhões com poços secos (perfurados e sem petróleo) e áreas subcomerciais devolvidas à ANP. Outros R$ 491 milhões foram perdas referentes à valorização cambial, diante da disparada do dólar no período.
ESTALEIRO
A queda de produção da OGX afetou a OSX, empresa de estaleiros e afretamento de sondas e plataformas de Eike. Com menos encomendas, a empresa teve perda de R$ 152,6 milhões no segundo trimestre, ante perda de R$ 6,3 milhões um ano antes, um aumento de 2.317,4%.
A companhia informou ainda que o seu endividamento total chegou a R$ 5,3 bilhões em 30 de junho.
Anteontem, a MPX, de energia, cujo controle foi vendido para a alemã E.ON, abriu a série de números negativos do grupo, ao registrar perda de R$ 233,3 milhões no segundo trimestre do ano, aumento de 72,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. A dívida líquida da MPX é de R$ 5,5 bilhões.
MINERADORA
A MMX, companhia de mineração do grupo, apresentou prejuízo de R$ 441,5 milhões entre abril e junho, ante perdas de R$ 391,6 milhões no mesmo período de 2012, aumento de 13%.
A dívida líquida subiu 41% na mesma comparação, para R$ 2,6 bilhões, sendo 26% de curto prazo (com vencimento em até um ano).
A empresa teve um aumento de 2% na venda de minério de ferro no período de um ano, totalizando no segundo trimestre R$ 284,5 milhões de receita líquida. Houve um incremento de 40% em um ano.
Falta a divulgação dos balanços da LLX (logística) e da CCX (carvão na Colômbia).
PETROLEIRA
Uma profunda crise de confiança abala o império X, de Eike Batista. O pesadelo do empresário começou quando a produção de petróleo da OGX ficou abaixo das estimativas da própria empresa.
Investidores e bancos começaram a ficar receosos de que as empresas do grupo -todas em fase pré-operacional- não entregassem o prometido. As ações derreteram na Bolsa.
Eike fechou, então, uma parceria com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, para tentar reverter a situação e encontrar sócios estratégicos para suas empresas. Mas os problemas eram muito piores do que o BTG imaginava.
A situação se deteriorou de vez quando a OGX declarou que iria interromper a produção e a prospecção na maior parte de seus campos de petróleo. Desde então, Eike vem promovendo liquidação de ativos para pagar suas dívidas.
Antes de negociar a LLX, o empresário já vendera o controle da termelétrica MPX, considerada sua empresa mais saudável, à alemã E.ON. Também negocia a venda de parte da mineradora MMX. Tradings internacionais e siderúrgicas nacionais demonstraram interesse.
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