Conheça os membros, os investimentos e a origem do fundo soberano de Abu Dhabi
São Paulo – Mubadala. Provavelmente, num passado bem recente, a reação de qualquer pessoa diante desta palavra seria de estranheza, com sobrancelhas franzidas. No entanto, atualmente, ela é sinônimo de dias melhores para o empresário Eike Batista e tem espaço garantido no noticiário do mercado financeiro.
Isso porque, o Mubadala Development, fundo soberano de Abu Dhabi, tem trazido um sopro de esperança aos acionistas das empresas do Grupo EBX, carentes por boas notícias há um bom tempo.
Dentre as últimas novidades que envolvem o fundo está a de que o Mubadala negocia a compra de fatias da OGX, MMX e Porto Açu e da LLX Logística. Em outras palavras, o Mubadala pode injetar cerca de 1 bilhão de dólares nas empresas de Eike.
Mas qual a origem do fundo que ganhou os holofotes do mercado, enquanto Eike amarga seu momento de escuridão?
O nome Mubadala significa troca. Com ativos avaliados em 55 bilhões de dólares espalhados pelo mundo, o fundo foi criado em 2002 e tem participações em diversos setores da indústria, como energia, saúde, infraestrutura, financeiro, aeroespacial, imobiliário, serviços e comunicação. No entanto, seu principal foco está no petróleo.
O fundo é presidido pelo sheik e príncipe nos Emirados Árabes, Mohamed Bin Zayed Al Nahyan, figura influente nos cenários político e legislativo. Em paralelo, Zayed também é comandante supremo das Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos desde janeiro de 2005.
Seu braço direito nas funções administrativas é o diretor executivo, Khaldoon Khalifa Al Mubarak, presidente do clube inglês de futebol, Machester City. Mubarak ainda conta com grande influência no esporte, sendo um dos responsáveis diretos pela realização das finais da Copa do Mundo de Clubes da Fifa, em 2009 e 2010, em Abu Dhabi.
Onde está o capital
Dentre as operações do fundo, está o total de 80 milhões de ações da americana General Electric, o que representa 0,76% do capital social da companhia.
O Mubadala também possui participações junto ao conglomerado de private equity norte-americano Carlyle e na EMI Music.
“Nosso objetivo é gerar retornos financeiros sustentáveis e construir empresas, por meio de um portfólio diversificado de oportunidades com posições de longo prazo”, define o fundo sobre sua filosofia de investimentos.
No ano passado, o fundo cresceu 12%, passando de US$ 7,6 bilhões em 2011 para US$ 8,52 bilhões no ano passado, beneficiado pelos bons desempenhos de empresas de grande peso em seu porffólio, como a Globalfoundries, de semicondutores, Mubadala Petroleum, Mubadala Aerospace e da Yahsat, companhia de comunicação por satélites.
Confira na tabela abaixo os principais investimentos do Mubadala:
Empresa | Segmento | País |
---|---|---|
Piaggio Aero SpA | Aeroespacial | Itália |
Prodea Systems | Comunicações | EUA |
Etisalat Nigeria | Comunicações | Nigéria |
Damballa | Comunicações | EUA |
Advanced Micro Devices (ADM) | Investimentos | EUA |
EMI Music | Música | EUA |
General Electric | Tecnologia | EUA |
EBX | Investimentos | Brasil |
Guinea Alumina | Siderurgia e mineração | Guiné |
Suyadi | Siderurgia e mineração | China |
Jasmine | Óleo e gás | Tailândia |
Viceroy Hotel Group | Imobiliário | EUA |
Viceroy Maldives | Imobiliário | Maldivas |
Iskandar Holding | Imobiliário | Malásia |
E.ON-Masdar Integrated Carbon | Energias renováveis | Alemanha |
Torresol Energy | Energias renováveis | Espanha |
London Array | Energias renováveis | Reino Unido |
GLOBALFOUNDRIES | Semicondutores | EUA |
Intermolecular | Semicondutores | EUA |
À procura de parceiros
O Mubadala busca, atualmente, parceiros para comprar alguns ativos do empresário Eike Batista no Brasil nos setores de mineração, energia e logística, disse uma fonte com conhecimento direto da situação.
Um acordo poderia envolver a compra de ativos ou uma participação na produtora de petróleo OGX e na mineradora MMX, de acordo com recentes rumores.
Caso o Mubadala assuma uma participação em quaisquer empresas do grupo EBX, sua exposição aumentaria no Brasil em um momento em que a economia de 2,2 trilhões de dólares está às voltas com menor produtividade, queda generalizada na confiança e desaceleração da demanda chinesa --a força motriz por trás crescimento do Brasil na última década.
A AUX, empresa de mineração de Eike na Colômbia, é usada como garantia de 1,5 bilhão de dólares, valor que o empresário deve ao fundo – já que o Mubadala converteu em dívida, no último mês, um investimento em ações na empresa EBX.