quinta-feira, 23 de maio de 2013

Porto do Açu: muito sal para pouca feijoada


Uma coisa que estou vendo é que dependendo do interlocutor, o prazo de recuperação da situação do Grupo EB(X) varia ao sabor dos ventos. Uma hora o prazo é de 60 dias, em outra sobe para 90. Do ponto do meu parco conhecimento do mercado de ações e a volatilidade em que as empresas "X" estão emersas, esses prazos são meros chutes e trazem consigo interesses outros do que oferecer um tempo objetivo para o qual as coisas voltariam ao normal no Porto do Açu.

Se tomarmos os prazos colocados pelo CEO da OSX, Carlos Bellot, a ampulha do tempo avança para dentro de 2014. E a mesmo coisa é observada quando se ouve o chefão da OG(X). Em outras palavras, o prazo mais otimista dentro do próprio grupo EBX é de, no mínimo, 180 dias, podendo chegar a 300 dias. Em suma, talvez daqui a um ano saibamos em que situação estarão as empresas da franquia "X".

E o Porto do Açu nessa coisa toda? O que está aparecendo, inclusive com a superprodução de aço pela China, é que as tais siderúrgicas vão continuar na maquete pelo menos até 2015. E com isso o resto do que seria o famigerado Distrito Industrial de São João da Barra também vai ficar por lá. Assim, o Complexo Industrial-Portuário do Superporto do Açu deverá voltar ao seu desenho original, qual seja, o de um porto, seja offshore ou onshore, mas um porto.

Se essa previsão se confirmar, o que teremos para começo de conversa é a explosão de uma bolha imobiliária em Campos dos Goytacazes, com impactos graves sobre a economia local, que poderá ainda sofrer o baque da perda de parte considerável dos recursos dos royalties.

O mais incrível nisso tudo é que nada disso está sequer sendo aventado, o que impede uma discussão realista sobre o problema em que estamos imersos. Aliás, aonde foi parar a tal reunião que a CDL/Campos e a FIRJAN/NF iam promover com a "sociedade civil organizada" para esclarecer a situação do Porto do Açu? Tal como o gato e o porto, essa reunião parece ter subido no telhado.

Felizmente ainda existem as universidades que estão dando sinais de que discussões sérias serão realizadas para oferecer alternativas ao fracasso iminente desse mega-empreendimento. Aliás, como li recentemente num artigo publicado na Revista Visão Socioambiental, o Porto do Açu até agora tem sido de muito sal para pouca feijoada. Está na hora de sairmos de uma postura letárgica para exigir que essa discussão saia do campo da fantasia e das apresentações de Powerpoint tão a gosto de Eike Batista.