quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sincericídio e a indignação seletiva


Volto a insistir na tese do deputado Chico Alencar que quando alguns falam cobras e lagartos dos outros e tomam como reverso acusações igualmente cabeludas, o perigo é a percepção de quem está de fora de que todos estão falando a verdade. É a isso que Chico Alencar chama de "sincericídio".

Mas existe outro fenômeno que se soma ao sincericídio: a indignação seletiva. Isto aparece na forma de declarações indignadas contra as limitações éticas e morais de uns, mas que não são aplicadas aos que fazem as mesmas coisas mas que estão do lado dos que estão se dizendo indignados.

Em comum o sincericídio e a indignação seletiva têm o total descompromisso com a verdade e o cuidado com a coisa pública. Afinal, como amigos e inimigos se alternam ao sabor de quem ocupa esta ou aquela cadeira, é comum ver todos os diferentes matizes de indignação se confraternizando em grandes feijoadas. Como não é o poder miraculoso do feijão preto ou do rabo do porco, fica claro que gregos e troianos só fingem cometer sincericídio e a denúncia indignada de hoje será esquecida amanhã.