sábado, 23 de março de 2013

Tatuoca e Açu: distantes, mas unidas por dois mega-empreendimentos portuários


O deslocamento de comunidades tradicionais por mega-empreendimentos portuários está acontecendo em todo o litoral brasileiro, e não apenas no V Distrito de São João da Barra. Um dos exemplos mais semelhantes ao do Porto do Açu é o do Porto de Suape que fica próximo da região metropolitana de Recife. Lá também ocorreram graves conflitos entre agricultores familiares e as grandes corporações que foram se instalar no Suape.

Agora vem a notícia abaixo de que o governo do Sr. Eduardo Campos está realocando uma comunidade inteira que teve sua vida alterada drasticamente pela chegada do estaleiro Atlântico sul (EAS). Afora a descrição que demonstra imensa semelhança com o drama vivido pelos agricultores e pescadores do Açu, a diferença é que no caso do Suape, o governo pernambucano está cumprindo o que determina o Artigo 265 da Constituição do estado do Rio de Janeiro. Pena que o (des) governo de Sérgio Cabral não esteja fazendo o mesmo, qual seja, cumprindo a nossa constituição estadual.

E o mais interessante é que no caso pernambucano, a área para onde as famílias estão sendo transferidas foi escolhida por elas mesmas. Caso bem diferente da chamada Vila da Terra cujas terras não pertencem nem ao Grupo EBX ou, tampouco, à CODIN. 

Mais informações sobre o caso pernambucano pode ser encontrado (Aqui!)



Governo de Pernambuco realoca moradores do Porto de Suape

Por Murillo Camarotto | Valor

RECIFE - O governo de Pernambuco anunciou hoje a construção de um conjunto de casas para abrigar famílias que viviam dentro do Porto do Suape, principal vitrine da economia do Estado.

Um contingente de 75 famílias morava praticamente ao lado do estaleiro Atlântico Sul (EAS), um dos maiores da América Latina, e passaram a conviver com navios gigantes a poucos metros de suas casas.

De acordo com o secretário estadual de Desenvolvimento, Marcio Stefani, a crescente atividade do porto passou a impactar diretamente o cotidiano das famílias, que viviam isoladas e sobreviviam da pesca.

O crescimento da circulação de navios e de caminhões trouxe transtornos, mas nem todos aceitaram deixar suas casas, o que obrigou o governo a solicitar na justiça a desocupação dos terrenos.

O Complexo de Suape abriga projetos bilionários, como a Refinaria Abreu e Lima, a Petroquímica Suape, estaleiros e fábricas de equipamentos eólicos, entre outros. Quase todos os moradores da Ilha de Tatuoca, como é chamado o local destinado aos estaleiros, pertencem ao mesmo grupo familiar. Na região há três gerações, os parentes passaram se relacionar entre si. Segundo relatos de técnicos do governo, há na ilha alguns casos de pessoas com deficiências relativas à consanguinidade.

Por opção dos moradores, o novo endereço fica em uma área isolada, para que o impacto da mudança seja reduzido. O governo garante, entretanto, que haverá acesso facilitado à “civilização”. Batizado com o nome da ilha, o loteamento “Nova Tatuoca” fica a dois quilômetros do antigo local. As 75 casas, de 45 m² cada uma, além de toda a infraestrutura, custaram ao governo estadual R$ 5,6 milhões. A entrega deve ocorrer em seis meses. 

(Murillo Camarotto | Valor