OGX: Aumento da previsão de investimentos preocupa analistas
A fraca geração de caixa da OGX, empresa de petróleo e gás do grupo EBX, do empresário Eike Batista, e o aumento em US$ 100 milhões da previsão de investimentos para 2013 foram os pontos considerados mais preocupantes do balanço da companhia, divulgado na noite de ontem, segundo analistas consultados pelo Valor.
Analistas do Bradesco consideraram como “preocupante” a posição de caixa da empresa, que é de US$ 1,7 bilhão, tendo em vista os investimentos previstos de US$ 1,3 bilhão em 2013.
“Não há nenhuma previsão de geração de caixa no ano”, afirmou em relatório o analista Auro Rozenbaum.
A empresa mencionou na divulgação do balanço que a produção do terceiro poço de Tubarão Azul ainda é incerta e que devolverá três blocos para a Agência Nacional de Petróleo (ANP).
“De forma geral, vimos os resultados como negativos, especialmente por conta da posição de caixa que parece apertada para 2013”, completou Rozenbaum, salientando que não houve nenhuma novidade em relação à produção e que a estabilização do terceiro poço continua incerta.
Apesar de lembrar que os técnicos da empresa estão trabalhando para determinar os próximos passos para o desenvolvimento de Tubarão Azul, o banco questiona o ainda imperante otimismo da OGX sobre a produção. “As razões [desse otimismo] não ficaram claras para nós, com os dados fracos de fevereiro e as incertezas em relação ao futuro”, informou o relatório.
O analista Ricardo Correa, da corretora Ativa, diz que a posição de caixa veio abaixo do esperado, já que em 2012 a empresa teve necessidade de muitos investimentos em exploração e produção. “Esses fatores reforçam a necessidade de financiamento da empresa para poder sustentar os planos de desenvolvimento dos ativos”, disse.
Para o Itaú, o resultado do quarto trimestre foi um pouco acima das expectativas, com um Ebitda negativo de R$ 46 milhões, versus uma expectativa negativa de R$ 52 milhões. Mesmo assim, os analistas da corretora mantêm o pessimismo em relação à empresa.
“O relatório deu informações importantes sobre a posição de caixa da empresa e seus investimentos, assim como a evolução da exploração e campanhas de desenvolvimento”, declarou. “Na nossa visão, no entanto, a atualização contribuirá pouco para retomar a confiança do mercado na tese de investimento da OGX”, completou a analista Paula Kovarsky.
O banco ressalta que os investimentos previstos para 2013 aumentaram em US$ 100 milhões, por conta das revisões no plano de desenvolvimento do campo de Atlanta, o que coloca pressão no caixa da empresa.
Para o Deutsche Bank, o mercado deverá reagir negativamente ao balanço do quarto trimestre. “Não muito por conta dos resultados em si, mas devido a alguns comentários feitos pela empresa que confirmam nossas expectativas de um cenário difícil para 2013, com aumento do risco, principalmente por conta da previsão de volumes recuperáveis mais baixos”, salientou o relatório assinado pelo analista Marcus Sequeira.
A OGX teve prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão em 2012, alta de 130% na comparação anual. No quarto trimestre, o prejuízo foi de R$ 285,7 milhões, 14% menor que no mesmo período do ano anterior.
As ações da companhia eram negociadas há pouco com baixa de 0,87%, para R$ 2,28. O Ibovespa caía 0,57%, para 55.354 pontos.