Uma equipe de geógrafos da Associação dos Geógrafos Brasileiros avaliou a situação da salinização da água e do solo no 5° Distrito de São João da Barra, causada pelas obras de construção dos canais do estaleiro da OSX, empresa do grupo EBX, do empresário Eike Batista, e concluiu que a água distribuída pela Prefeitura Municipal de São João da Barra para os moradores do 5º Distrito apresenta salinidade entre cinco e sete vezes superior a do Rio Paraíba do Sul.
Pesquisadores da Uenf haviam alertado
Pesquisadores da Uenf comprovam salinização da água tratada distribuída à população do 5º Distrito
Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Somos, em outubro de 2012, o Prof. Dr. Carlos Eduardo Rezende, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Uenf, relatou o resultado de uma pesquisa realizada no Açu com a água que a população estava consumindo, distribuída sem monitoramento pela Prefeitura Municipal de São João da Barra, que, segundo os resultados obtidos por testes de condutividade elétrica com equipamentos de última geração, revelou um nível de sal muito além do normal, colocando em grave risco a saúde da população local, além de prejudicar animais domésticos, a fauna e a agricultura, já que o processo de salinização da terra é acelerado e irreversível. (AQUI)
Mesmo diante dos riscos à saúde, ex-prefeita não recuou
Carla Machado inaugurando a distribuição de água salinizada no 5º Distrito
Contudo, mesmo diante do alerta dos pesquisadores da Uenf, no dia 28 de dezembro, a prefeita na época Carla Machado inaugurou festivamente o sistema de Abastecimento de “Água Potável” no Açu com um poço artesiano com profundidade de 237 metros e produção de 90 mil litros por hora, capaz de atender a três mil residências, além de um reservatório elevado de 100 mil litros.
Ao todo, foram 50 km de tubulação com, aproximadamente, mais 1.500 ligações em Sabonete e 18 km de tubulação no reservatório apoiado (cisterna) de 200 mil litros, desta vez na praia do Açu, que também está preparada para mais 700 ligações. Essa obra teve o custo de aproximadamente R$ 5.400.000,00.
De acordo com o relatório feito pelos engenheiros, uma equipe da Associação de Geógrafos Brasileiros, que acompanha o processo de resistência e destruição na região desde 2011, constatou in loco, nos dias 23 e 24 de fevereiro de 2013 o avanço da salinização também nas terras do Açu, se deparando com depósitos de sal no solo, o que pode ser o inicio de um processo de desertificação, como foi apontado pelos pesquisadores da Uenf.
Água de escola está salinizada
Os moradores, que já passaram a comprar água mineral para beber e cozinhar, além de não poderem mais irrigar suas terras com a água do poço, têm se deparado com a destruição do lugar e graves riscos à saúde. Segundo relato dos moradores locais há crianças que começam apresentar um alto teor de sal no sangue, uma vez que a água fornecida a elas na escola também está salinizada.
Clique no link abaixo e leia na íntegra o impressionante relatório da Associação de Geógrafos Brasileiros
Salinização_das_águas_e_do_solo_de_SJBFINAL