COM A QUEIMADA DE CANA LIBERADA PELO TRF, O NORTE FLUMINENSE VOLTARÁ AO MESMO DE SEMPRE: TRABALHO ESCRAVO, POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
Com a queda de braço com o Ministério Público Federal vencida temporariamente, os representantes do setor sucro-alcooleiro agora anunciam que vão continuar a prática centenária de queimar os campos de cana para ali colocar trabalhadores para fazer a colheita em condições sub-humanas de trabalho. Este anúncio ainda vem acompanhado de reclamos sobre prejuízos à imagem do setor em função da ação do MPF.
Mas vamos lá, se este imbróglio todo serviu para alguma coisa foi para trazer à baila uma discussão que os usineiros e seus fiéis aliados na imprensa regional desejam discutir, qual seja, os prejuízos sociais, econômicos e ambientais da manutenção das práticas associadas à monocultura da cana no norte fluminense. Agora, todos sabem que o setor sucro-alcooleiro ganhou um salvo conduto para continuar poluindo e degradando até 2024, ano na qual deverá ocorrer nova tentativa de prorrogar as queimadas, visto que não há qualquer indicação de que haja qualquer intenção de mudar as práticas correntes. Com isto, continuaremos recebendo a poluição gerada por um setor econômico cuja decadência está ligada justamente à falta de vontade mudar para melhor.
De quebra, é certo que continuaremos tendo centenas de idosos e crianças acorrendo à postos de saúde e farmácias particulares para realizar inalações que minimizem os efeitos do aumento da poluição causada pela queimada dos campos de cana justamente no período mais seco do ano. Ah! Outra certeza é de que o Comitê pela Erradicação do Trabalho Escravo do Norte Fluminense continuará tendo que atuar para libertar centenas de trabalhadores que são atraídos para a nossa região com a promessa de bons salários e condições decentes de alojamento, apenas para serem transformados em escravos modernos.