sábado, 10 de agosto de 2013

Comissão Pastoral da Terra realiza encontro com comunidades negras do município de Campos

A Comissão Pastoral da Terra do Rio de Janeiro (CPT/RJ) esteve reunida nesta manhã de sábado (10/08/2013) em Travessão de Campos (maior Quilombo urbano do estado) com diversas comunidades quilombolas e negras rurais e urbanas para avaliar a situação de sustentabilidade dos territórios e territorialidades negros em suas múltiplas dimensões. 


O primeiro momento foi marcado pela animação da música de apresentação dos sujeitos e das suas respectivas comunidades. A importância da preservação da história através da oralidade foi destacada, momento em que cada comunidade relatou um conto que marcou sua trajetória de vida. Compreende-se que o Estado e toda a sociedade têm uma dívida histórica com as comunidades negras. A defesa das terras quilombolas é uma das linhas de ação da CPT/RJ, posto que na nossa região, territórios negros não estão legalizados expressos em suas territorialidades e resistências Um dos objetivos do encontro foi refletir sobre o conceito de Quilombo contemporâneo e sua auto-identificação, prevista no marco legal brasileiro. Para isso foi realizada uma dinâmica-oficina de mapeamento de uma comunidade negra que tem o seu acesso delimitado por fazendeiros das redondezas e, construídas alternativas de resistência.



No segundo momento foi apresentado um documentário sobre discriminação racial e durante as trocas de experiências destacou-se que o racismo e preconceitos perduram até hoje no Brasil, mesmo que de maneira amistosa. De acordo com a análise de discursos, identificou-se em vários casos nos quais os negros precisam da legitimação para ser gente, isto é, aprovação por parte dos brancos. Há casos sobremodo de naturalização da inferioridade, tais quais: “só me senti gente quando me sentei à mesa com a minha patroa” ou entre os próprios negros que se sentem valorizados em equipe: “Demorei para descobrir que Ser preto é bom, esse é o grito dos pretos, para pretos, pelos pretos e com os pretos”. Os mediadores da CPT/RJ contribuíram com reflexões sobre discriminação de gênero, de etnia e como ocorre a construção ideológica do preconceito, da inferioridade.


Nos encaminhamentos dos trabalhos também foram eleitos 02 participantes de cada comunidade para participar do Encontro das Comunidades Quilombolas do estado do Rio de Janeiro que será realizado em outubro no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Também foi aprovado o indicativo de realização do I Encontro dos “Quilombolinhas”, em 19 de outubro.

A CPT/RJ concorda que enquanto o aceitável tiver cor e raça nós ainda seremos miseráveis. A ideologia da hegemonia racial é uma construção social, portanto pode ser desconstruída. 

O encontro foi encerrado com poesia e um rap do jovem negro Bruno que gritou à (a) Liberdade!