quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Com caixa da OGX perto de ficar vazio, Eike tenta entregar parte da empresa aos credores

Eike oferece fatia da OGX para credores

RENATA AGOSTINI, DE BRASÍLIA, RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO, DENISE LUNA
DO RIO

Com sua petroleira perto de ficar sem dinheiro para manter as atividades, Eike Batista iniciou a negociação da reestruturação da dívida da OGX com os detentores dos papéis no exterior.

A ideia é convencê-los a converter os US$ 3,6 bilhões de dívida em participação acionária da OGX, diluindo a a fatia do empresário, que se tornaria minoritário.

Segundo a Folha apurou, os fundos Pimco e BlackRock, dois dos maiores credores, já acenaram com a possibilidade de aceitar se tornarem sócios de Eike. Mas ainda há uma longa batalha até chegar ao valor da conversão.

Os títulos da dívida da OGX são negociados hoje entre 15% e 25% do seu valor de face, o que já representa um forte desconto para os credores. A negociação é complicada e pode durar mais dois meses.

Chegar a um consenso com os credores tornou-se urgente desde que a Petronas, que se comprometeu a adquirir 40% do campo de Tubarão Martelo (na bacia de Campos), condicionou o pagamento à reestruturação da dívida.

A notícia foi uma surpresa para a OGX. Ela dependia do dinheiro da empresa da Malásia para manter as atividades e contava com a ajuda dela na negociação com credores.

"O acordo ainda está pendente de uma visão clara. A reestruturação da dívida tem que ocorrer primeiro", disse Shamsul Azhar Abbas, diretor-executivo da Petronas, a repórteres na Malásia.

Editoria de arte/Folhapress 


SEM DINHEIRO

Segundo relatório do Deutsche Bank, sem o pagamento da Petronas, o caixa da OGX acaba até o fim de outubro. A empresa fechou o segundo trimestre com R$ 722 milhões em caixa, após gastar seus recursos em investimentos, juros e no pagamento de multa à OSX, estaleiro do grupo de Eike.

Para o banco, o caixa da OGX não é suficiente para pagar fornecedores, funcionários, fazer os investimentos mínimos e honrar os juros da dívida no exterior.

No seu balanço, a petroleira afirma que, "para manter a continuidade das operações", depende do pagamento das parcelas do acordo com a Petronas, da entrada em produção do campo de Tubarão Martelo e da possibilidade de obrigar o controlador a injetar US$ 1 bilhão na companhia.

Para analistas, a OGX tem poucas chances de conseguir colocar Tubarão Martelo em produção sem a Petronas. O mercado também não acredita que Eike vá colocar na empresa os recursos prometidos.

O aperto de caixa é tão grande que a OGX anunciou ontem que desistiu de ficar com os blocos que adquiriu sozinha na 11ª rodada de área de petróleo e gás natural da ANP, em maio, sob o argumento de não querer assumir mais riscos exploratórios.

A empresa teria que pagar R$ 370 milhões pelos blocos até sexta-feira. Com a decisão de devolver nove blocos e ficar com quatro, a conta caiu 74%, para R$ 95,9 milhões.

A OGX disse que vai devolver os blocos nas bacias de Barreirinhas (três), Ceará (um), Foz do Amazonas (um) e Parnaíba (quatro), pelos quais pagará R$ 3,4 milhões em penalidades. Os quatro blocos adquiridos com ExxonMobil, Total e Queiroz Galvão Exploração e Produção serão mantidos.