quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Valor: OGX despenca 17% e leva Bovespa abaixo dos 50 mil pontos

Por Téo Takar | Valor

SÃO PAULO - A Bovespa voltou a cair nesta quarta-feira, mas desta vez não foi a tensão geopolítica que provocou a queda por aqui. Embora a possibilidade de um ataque por parte das principais potências militares do Ocidente à Síria continue no radar, o recuo da bolsa brasileira teve como pano de fundo a nova derrocada das ações da OGX.

O Ibovespa caiu 0,45%, para 49.866 pontos. Na mínima do dia, o índice foi aos 49.530 pontos (-1,12%). O volume financeiro alcançou R$ 7,010 bilhões. Um negócio direto com 9% do capital da Arteris (antiga OHL) movimentou quase R$ 700 milhões e inflou o giro da bolsa.

Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN caiu 1,66%, a R$ 17,16; Vale PNA perde 1,51%, a R$ 31,25; enquanto OGX ON afundou 17,39%, a R$ 0,57.

Reportagem da “Folha de S.Paulo” informou o grupo ‘X’ está tentando convencer credores estrangeiros a converter os US$ 3,6 bilhões de dívida da OGX em participação acionária na empresa, diluindo a fatia de Eike Batista. Ele deixaria de ser controlador e se tornaria minoritário da petroleira. Acontece que a medida também diluiria consideravelmente os de mais acionistas da empresa, motivo da forte onda vendedora de hoje.

Segundo a “Folha”, os fundos Pimco e BlackRock já acenaram com a possibilidade de aceitar se tornarem sócios de Eike. A dúvida está no valor da conversão da dívida em ações.

Na pauta do dia também estava o julgamento, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da compra, pela OGX, de uma fatia de 40% que pertencia à Petrobras no Bloco BS-4, na Bacia de Santos. A expectativa era que o Cade aprovasse o negócio, mas com multa porque as empresas concretizaram o negócio antes da análise do órgão antitruste. Há pouco, o Cade confirmou a expectativa e a multa, que ficou em R$ 3 milhões.

Além disso, o mercado ainda repercute a decisão de ontem da OGX, de abrir mão de nove blocos de exploração arrematados na 11ª rodada de Licitações da ANP. Em relatório divulgado aos clientes, o Bank of America Merrill Lync h (BofA) comenta que a petroleira abriu mão dos blocos devido às pressões de caixa no curto prazo.

Segundo a instituição, a OGX terá que pagar R$ 3,4 milhões a título de execução das garantias das ofertas efetuadas no leilão. Entretanto, com a desistência, a empresa deixa de pagar até R$ 280 milhões em bônus de assinatura, referente aos nove blocos que ela venceu, mas não irá levar.

O BofA comenta ainda que um atraso na entrada do dinheiro da Petronas pela venda de 40% do Campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, “poderia aumentar drasticamente” a pressão sobre o caixa da OGX. O primeiro pagamento de US$ 250 milhões estaria agora condicionado à reestruturação da dívida da petroleira, que é a empresa mais endividada de Eike Batista.

A lista de maiores baixas do Ibovespa trouxe ainda MMX ON (-2,92%), LLX ON (-2,43%), Oi ON (-2,41%) e Petrobras ON (-2,41%).

As ações da LLX chegaram a subir pela manhã com a notícia de que Eike Batista e Aziz Bem Ammar renunciaram a seus postos no conselho de administração da companhia de logística. Mas agora sentem a pressão vendedora que atinge quase todas as empresas do grupo. A exceção é CCX ON, que marcou alta de 2,2%, a R$ 1,39.

Entre as maiores altas do dia ficaram B2W ON (6,32%), Brookfield ON (4,7%), Eletrobras PNB (4,23%) e MRV ON (3,82%). Segundo operadores, a forte alta de B2W e MRV seria efeito da redução de posições vendidas por falta de ações para alugar.

(Téo Takar | Valor)