quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Valor: Eike avança na reestruturação do grupo X


Eike Batista vende LLX à gestora EIG por R$ 1,3 bi

O empresário Eike Batista deu ontem, em Nova York, o primeiro passo para vender o controle acionário da LLX Logística, ao retirar-se da presidência do conselho de administração e deixar a gestão da companhia. Eike assinou termo de compromisso com a EIG Management Company, segundo o qual o grupo americano, com sede em Washington, se compromete a investir até R$ 1,3 bilhão na LLX ao participar de aumento de capital de R$ 1,3 bilhão.

Em outro movimento de reestruturação das empresas do grupo, a OGX, do setor petrolífero, acertou a contratação da companhia de investimentos americana Blackstone para ajudá-la a preparar o modelo da renegociação com os credores. Uma fonte a par do assunto afirmou que a OGX já anunciou que fará a reestruturação das dívidas, mas ainda não apresentou proposta.

O empresário Eike Batisa deu ontem, em Nova York, o primeiro passo para vender o controle acionário da LLX Logística, retirando-se da presidência do conselho de administração e deixando a gestão da companhia. Batista, que ao final da operação deve permanecer com participação de 20,86% na LLX, assinou termo de compromisso com a EIG Management Company. Pelos termos do acordo, o grupo americano, com investimentos em energia e infraestrutura, inclusive no Brasil, se compromete a investir até R$ 1,3 bilhão por meio de uma operação de aumento de capital.

O presidente da LLX Logística, Marcus Berto, disse ao Valor, por telefone, que a operação vai permitir capitalizar a companhia e finalizar os investimentos no projeto de construção do Superporto do Açu, em São João da Barra, no norte fluminense. "Estamos extremamente motivados", disse Berto. Ele não quis falar em prazos para a operação com a EIG ser concluída, pois afirmou que ainda há procedimentos a serem cumpridos, além de aprovações regulatórias. Em fato relevante, a LLX afirmou que a operação está sujeita a condições precedentes, como a celebração de contratos definitivos, aprovações regulatórias e societárias, além de "due diligence" (auditoria) pela EIG. O termo foi acertado com a EIG em nome de fundos sob sua gestão ou co-investidores.

Segundo a LLX, as ações a serem emitidas no aumento de capital terão preço fixado em R$ 1,20. Ontem, as ações da empresa subiram 18,6% na bolsa, para R$ 1,51. Entre quinta-feira da semana passada e ontem, a ação da companhia teve alta de 75,6%. Na operação envolvendo a EIG, Batista cedeu seu direito de preferência no aumento de capital ao grupo americano, que se comprometeu a subscrever a totalidade das ações em mãos do atual controlador. Batista tem hoje 53% da empresa. A EIG assumiu também o compromisso de subscrever a totalidade das ações não subscritas pelos acionistas minoritários até R$ 1,3 bilhão.

O valor mínimo a ser subscrito pela EIG é de R$ 695 milhões na hipótese de todos os minoritários participarem da capitalização. Neste caso, os minoritários aportariam a parcela restante, de R$ 604 milhões. A participação final da EIG na LLX pode ficar entre 33% do capital, caso todos os minoritários participem da operação, e de 61% na hipótese de o grupo garantir sozinho o aporte de R$ 1,3 bilhão.

Eike Batista e Berto estavam ontem em Nova York onde assinaram o termo de compromisso com a EIG em encontro que teve a participação do presidente-executivo do grupo, Blair Thomas. Berto afirmou que a LLX identificou na EIG um grupo com a mesma visão de longo prazo para desenvolver o porto do Açu. De acordo com dados do primeiro trimestre do ano, foram investidos cerca de R$ 4 bilhões no Açu até o fim de março. Pelas contas da empresa, ainda faltava R$ 1 bilhão em investimentos para concluir as obras do porto.

Quando a operação de aumento de capital for concluída, o capital social da LLX deve ser multiplicado por quase três vezes. Hoje o capital social da empresa é de cerca de R$ 700 milhões. Um dos objetivos de Batista na busca de investidores para a LLX passava pelo fortalecimento da estrutura de capital da companhia para concluir o projeto do Açu. "A transação [com a EIG] é um carimbo de um grupo internacional [no projeto do Açu] dentro de uma visão de longo prazo", disse Berto. Segundo ele, executivos da EIG visitaram o Açu e, nas palavras de Berto, ficaram "impressionados" com o que viram.

No fato relevante divulgado ontem, a empresa informou que os recursos obtidos com o aumento de capital, somados às linhas de crédito existentes, devem prover a companhia com os recursos necessários para a execução do plano de investimento da LLX no Açu, além de reforçar a estrutura de capital.

Em 30 de junho, a EIG tinha US$ 12,8 bilhões sobre sua gestão. Ao longo de mais de três décadas, o grupo investiu US$ 15 bilhões em mais de 280 projetos em cerca de 33 países. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com a EIG. A empresa já tem investimentos no Brasil, onde participa, por exemplo, como acionista, do capital da Sete Brasil, empresa gestora de ativos na área de petróleo e gás. 

(Colaboraram Fernando Torres e Natália Viri, de São Paulo)