sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Folha de São Paulo: Crise azeda parceria entre Eike e André Esteves, do BTG Pactual

RAQUEL LANDIM  DE SÃO PAULO, RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA


A relação entre o empresário Eike Batista e o banqueiro André Esteves está estremecida. Com a crise no grupo EBX cada vez pior, a parceria não está rendendo bons frutos para ninguém.

Desde março, quando o BTG firmou um acordo com a EBX para reestruturar as empresas e buscar sócios, as ações da petroleira OGX (carro chefe do grupo) caíram 83%, e os papeis do banco perderam 22%.

Segundo a Folha apurou, Eike tem confidenciado a interlocutores seu receio de que a equipe do BTG esteja mais interessada em prospectar negócios para seus fundos do que empenhada em encontrar as melhores oportunidades para a EBX.

Esteves e sua equipe, por outro lado, se sentiram frustrados com a lentidão inicial de Eike para se desfazer das empresas e avaliam que o empresário pode fazer maus negócios sem a sua assessoria.

Ontem, executivos próximos de Eike davam com certa o fim da parceria, mas fontes ligadas ao BTG afirmaram que o "banco não é de abandonar cliente". Por isso, por enquanto, o acordo entre os dois está mantido.

O clima piorou de vez, quando o BTG ficou de fora das negociações da LLX, empresa que constrói o porto do Açu e está para ser vendida para o grupo americano EIG.

O negócio foi costurado por Marcus Berto, presidente da LLX, e Ricardo Antunes, sócio da mineradora Manabi. Eles convenceram os americanos, que já têm fatia da Manabi, a apostar no porto do Açu.

Eike conduziu o negócio sem consultar o BTG. Ele assinou o acordo em Nova York, acompanhado apenas de Berto, eleito seu novo "braço direito" nos negócios.
proposta fracassada

O BTG também tentou fazer uma oferta pela LLX com outros sócios, mas Eike não aceitou a proposta por considerá-la baixa.
Interlocutores da EIG no Brasil chegaram a tentar negociar por meio do BTG, mas as conversas não foram para frente. O episódio azedou a relação de ambos os lados, que se ressentem de falta de confiança.

Mas esse está longe de ser o único problema entre Eike e Esteves. Pouca coisa do que foi acertado saiu do papel, porque a situação era pior do que o BTG imaginava.


Editoria de arte/Folhapress 


Seis meses atrás, quando foi anunciada, a parceira tinha três pontos: uma linha de crédito de US$ 1 bilhão, assessoria na gestão das empresas e uma bonificação para o banco à medida que as ações da OGX subissem.

O BTG traçou um plano de liquidação de ativos e trabalha na venda de fatias de MPX e MMX, mas ficou de fora do negócio da LLX. Já a linha de crédito foi cancelada em julho, sem qualquer desembolso. Esteves percebeu que o montante não resolveria o problema e que Eike acabaria pagando outros credores.

Com as ações da OGX a R$ 0,50, o BTG também acabou não embolsando nenhum bônus. Até agora o acordo gerou poucos ganhos para Esteves, que viu sua imagem ser arranhada e as ações de seu banco caírem.


ANGRA PARTNERS

A Angra Partners, firma de reestruturação e gestora de fundos, negocia desde julho dar consultoria para a EBX. A parceria está perto de ser fechada. A princípio, o contrato não excluiria o BTG.