A matéria abaixo, assinada pela jornalista Renata Agostini e que foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo, expõe mais um pouco da crise colossal que consome o Império "X" de Eike Batista.
Pelo que diz a matéria, pressionada por imensos débitos, a OS(X) quer devolver até metade do terreno que ocupa no Porto do Açu. É óbvio que esse é mais um golpe duro na imagem de Eike Batista e abala seus esforços para se manter acima da linha do naufrágio.
Agora, um aspecto interessante e que expõe a situação peculiar que cerca as desapropriações feitas pela CODIN: a única possibilidade da LL(X) não ter um prejuízo milionário com esse retorno dessa parte da área do porto do Açu é alugar terras para possíveis interessados. O duro será achar esses interessados já que a crise do Império "X" está arrastando até parceiros com condições mais sólidas como a Technint. Assim, vir alugar terras no Açu está sendo visto por muitas empresas como entrar em terrenos amaldiçoado. Aliás, depois do que a CODIN aprontou com a expropriação das terras de José Irineu Toledo no dia da sua morte, a chance da maldição cresceu bastante.
Em face dessa crise que consome o porto do Açu e o (des) governo de Sérgio Cabral a queixa-crime protocolada no Superior Tribunal de Justiça por 29 agricultores do V Distrito de São João ganha ainda mais importância.
OSX negocia devolver até metade da sua área no porto do Açu
RENATA AGOSTINI, DE BRASÍLIA
A OSX, empresa de construção e serviços navais de Eike Batista, negocia a devolução de até metade do terreno que hoje ocupa no porto do Açu, segundo apurou a Folha com fontes que participam da operação.
O porto pertence a outra empresa de Eike, a LLX, e estende-se por 90 quilômetros quadrados no litoral norte fluminense. A OSX tem 3,2 quilômetros quadrados do terreno e paga aluguel por isso.
A devolução de parte da área é o primeiro passo do plano para sanear as contas da companhia. Ao reduzir o espaço ocupado, a empresa pretende economizar até R$ 100 milhões com aluguel por ano. O valor exato a ser poupado dependerá do acordo final sobre o tamanho da área que será devolvida.
A LLX perderá receita, mas poderá arrendar o espaço, localizado em área considerada nobre do terreno, de frente para o mar, a outra empresa.
Trata-se de um paliativo para a OSX. O problema financeiro de Eike com a empresa só deve começar a ser resolvido com a venda em massa das plataformas de exploração da companhia, avaliam executivos do grupo.
A OSX, que possui um estaleiro e bases de afretamento e operação de navios e plataformas, está no centro crise que se abateu sobre os negócios de Eike, juntamente com a OGX, de petróleo.
Ela foi criada para atender à demanda da petroleira por unidades de exploração. Com a desistência da OGX de manter investimentos em quatro de seus campos, a OSX não só teve encomendas canceladas, mas ficou com duas plataformas já prontas ociosas.
Os executivos de Eike empenham-se em passá-las para frente. Na semana passada, partiram numa viagem de negócios no exterior, o chamado "road-show".
Fabio Braga/Folhapress
Área onde está sendo construído o porto do Açu, empreendimento da LLX, de Eike Batista, em São João da Barra, no Rio de Janeiro
CINGAPURA E LONDRES
A equipe, comandada pelo presidente da companhia, Carlos Eduardo Bellot, passou por Cingapura e Londres e teve reuniões com pelo menos sete investidores estrangeiros, segundo apurou a Folha.
No cardápio apresentado, as duas plataformas ociosas OSX-1 e OSX-2 e também a unidade OSX-3, que servirá a campanha exploratória da OGX. A avaliação é que essa última, por ter contrato e renda garantida, é mais valiosa aos olhos dos potenciais compradores, aumentando as chances de a negociação ser bem-sucedida.
A expectativa é arrecadar cerca de US$ 3 bilhões com a venda. Apenas 20% do total seria revertido em recursos à companhia. Mas a venda diminuiria de forma significativa a dívida da OSX, que chegava a R$ 5,5 bilhões ao final de março. Mais da metade do montante referia-se a empréstimos contraídos para a construção das unidades de produção.
Nenhuma proposta firme foi feita até o momento. Os executivos esperam, entretanto, que alguma negociação avance ao longo da próxima semana.
Eike já havia tentado vender as plataformas da OSX e até o próprio estaleiro para a Sete Brasil, empresa de sondas de perfuração para o pré-sal. A negociação foi conduzida pessoalmente pelo empresário e pelo banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que assessora o grupo X desde o início do ano, mas não foi para a frente até o momento.
Sem interessados pela empresa, o plano é deixá-la menor, vender o que for possível e transformar o estaleiro numa base para reparos de embarcações e não mais apenas para a construção de navios.