sexta-feira, 27 de maio de 2011


NOTA DE REPÚDIO: Assassinato de Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro

CNPETerça-feira, Maio 24, 2011
Por volta de 11 horas da manhã recebemos o triste comunicado do falecimento imaturo e cruel de Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro, popularmente conhecido como Zé.
Marido e mulher, José e Maria começaram sua história na luta contra o desmatamento na Amazônia em 1997, quando José fundou a Associação dos Pequenos Produtores do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira (PAEX). Defendendo a atividade extrativista e combatendo a venda ilegal de madeiras na região, José foi presidente da instituição por dois mandatos consecutivos, bem como sua esposa nos dois seguintes. Naquela época, a região tinha uma cobertura vegetal de 85% de floresta nativa, aonde concentrava-se, principalmente, castanha e cupuaçu. Hoje, com a chegada das madeireiras resta pouco mais de 20% de mata nativa.
Líderes extrativistas há muitos anos do Conselho Nacional das Populações Extrativista (CNS), o casal sofria há anos com ameaças. Nas ocasiões, amigos e familiares entraram em contato com o Ministério Público e o Governo Federal. Algumas medidas foram tomadas para a segurança do casal, mas não foram suficientes.
Por volta de 8 horas de hoje o casal saía de casa em Ipixuna, Pará, rumo a uma reunião de trabalho em sua moto, quando outra moto com dois homens os abordaram. Com o primeiro tiro sendo disparado e atingindo Maria, José Cláudio perdeu o equilíbrio, caiu com a moto e foi executado no local. Os dois homens fugiram.
Para Rubens Gomes, presidente do GTA, “A perda do amigo Castanheira e sua esposa é, sem sombra de dúvida, mais um alerta para nós dos movimentos sociais do quanto ainda estamos desprotegidos com relação às políticas públicas do nosso país. Será, meu Deus, que cabe a nós, pobres mortais, que lutamos dia e noite para defender um bem público que são nossas florestas, entregar nossas vidas e de nossas famílias pelo simples fato de tentarmos manter a nossa chance de qualidade de vida de todos e todas? Quando teremos a presença do Estado para nossa proteção? Quantos mais Josés, Chicos, Demas, Dorothys, Wilsons e centenas de outros e outras mais serão necessários?”, desabafou Rubens.
O Grupo de Trabalho Amazônico, em meio ao dia da votação do Código Florestal Brasileiro, deseja à família e amigos o mais profundo sentimento de solidariedade e força para que superem este momento, e exige das autoridades competentes que ações sejam tomadas para que fatos como estes sejam riscados da história da sociedade brasileira.
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).
Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)