quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DESESPERO E RANGER DE DENTES NÃO ESCONDEM O MAU USO DOS RECURSOS DOS ROYALTIES E AS RESPONSABILIDADES DE QUEM GASTOU COMO NOVO RICO.


As autoridades municipais dos que se convencionou chamar de "municípios produtores" de petróleo estão, mais uma vez, conclamando a população para comparecer a atos públicos em defesa da atual distribuição dos royalties. O interessante é que nestas horas somem as pseudo-diferenças partidárias e ocorre uma súbita vontade de defender o bem comum de forma unitária. 

Toda essa movimentação, me perdoem, passa ao largo de gritantes problemas que afetam o uso atual das fortunas que chegam mensalmente aos cofres públicos  de estados e municípios. A dinheirama gerada pelos royalties pouco tem ajudado a melhorar as condições objetivas em que a maioria da população da região da bacia petrolífera de Campos vive. Ao contrário do que deveria se esperar com um dinheiro que é enviado na forma de reparação para os possíveis danos causados pela indústria petrolífera, o que se assiste é um show de desperdício sem qualquer compromisso com a construção de uma sociedade menos injusta e menos autoritária. Agora, quando a hora derradeira se aproxima, organizar atos públicos parece não apenas tardio, mas um convite a que tudo como dantes no quarte de abrantes.

Mas é também importante dizer que essa gritaria ignora um elemento central que é o fato de que o petróleo é um bem nacional, e não estadual ou municipal. Ainda que seja justo que os estados e municípios produtores recebam uma fração maior dos royalties, não há nada que justifique que os recursos não sejam divididos com todos que compõem a federação brasileira. Ou alguém acredita que Monteiro Lobato quando pensou na campanha do " O Petróleo é nosso", estava pensando apenas nos paulistas?

Enfim, se os perdulários que gastaram os recursos dos roaylties como novos ricos tiverem que conviver com uma nova realidade na divisão de recursos, eles só terão a si mesmos para culpar. Já a população continuará tendo que conviver com a mesma situação caótica que enfrenta hoje quando precisa adentrar e requisitar serviços em hospitais e escolas públicas. Pior que está não vai ficar.