terça-feira, 12 de junho de 2012

A SITUAÇÃO DOS AGRICULTORES DO V DISTRITO DE SÃO JOÃO TEM MAIS NUANCES DO QUE PODERIA IMAGINAR WILLIAM SHEAKESPEARE



Quando William Sheakespeare colocou na peça Hamlet a frase "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia" com certeza não estava pensando no drama vivido pelos agricultores do V Distrito de São João da Barra. Mas querem saber, a frase se aplica completa e perfeitamente  ao drama em que foram mergulhadas centenas de famílias de agricultores após o advento do Complexo Portuário-Industrial do Açu. 

A certeza de que "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia" fica claro após a leitura do e-mail que eu recebi hoje de um leitor deste blog. Esta mensagem traz a tona um aspecto nunca antes destacado sobre o problema: a questão da concentração dos poderes cartoriais no município de São João da Barra que, ao que tudo indica, se transformaram numa barreira a mais para os agricultores que lutam para defender as suas terras do processo de expropriação a que estão sendo submetidos pelo (des) governo de Sérgio Cabral.

Por outro lado, esta mensagem também desnuda o processo de especulação imobiliário que está sendo implementado por aqueles que possuem as condições financeiras para pressionar agricultores humildes a venderem as suas terras a qualquer custo.

O que mais me confusa indignação é que ainda tem gente que ousa comparar o processo em curso no V Distrito de São João da Barra a desenvolvimento econômico quando, na verdade, o que está ocorrendo é um processo acelerado de concentração de terras às custas da miséria e da desterritorialização de centenas de familias. E o nome disto não é desenvolvimento.



Pedlowski,

Tenho acompanhado com interessante suas postagens no teu blog. Principalmente ao ligado ao Porto do Açu. Antes de existir idéia do Porto adquiri uma chácara na antiga Estrada do Galinheiro que liga Cajueiro ao Porto. Junto com os habitantes do local tomei a iniciativa de legalizar o imóvel, pois se trata de um condomínio rural. Aí começaram os problemas, pois o Porto chegou, e antes existiam 3 cartórios no município de São João da Barra. Com a chegada do Porto um cartório "papou" os outros dois. Agora só existe um cartório, onde se pode fazer o registro dos imóveis. Para legalizar o imóvel, levei mais de um ano com idas e vindas e gastos, claro. É de tirar a paciência de qualquer um. A tabeliã nunca está no município, vive mais no Rio de janeiro. Recentemente estou legalizando a minha parte do terreno. 

Posso imaginar o que os agricultores estão passando, como o Sr. Pinduca. Vi casos parecidos. A LLX comprou muitas terras e os imóveis valorizaram muito naquela região. Um terreno na roça medindo 28m por 80m foi vendido recentemente por R$120 mil.  Imagine o preço de outros sítios. Muita gente está de olho nas terras dos que não tem registros e, infelizmente, a maioria dos agricultores é de origem humilde, sem dinheiro para legalizar e sem documentos. Mas eles têm muita coisa que muitos não tem dignidade. Infelizmente esta virtude não basta para se defender dos ataques de especuladores e espertos.