RIOS AGONIZAM NO ESTADO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL FAST FOOD E DESMASCARAM AS (MINC) TIRAS DO (DES) GOVERNO DE SÉRGIO CABRAL
A matéria abaixo publicada pelo Jornal O GLOBO é uma prova definitiva que a família Marinha tem grande apreço pelo (des) governador Sérgio Cabral e pelo (des) secretário estadual de meio ambiente, o ex-ambientalista Carlos Minc. Afinal, os dados mostrados neste matéria, muito bem feita por sinal, são uma prova definitiva de que o ambientalismo performático, e de ocasião, que foi propalado pelo caçador de javalis, Carlos Minc, não resistem a um exame mínimo da realidade poluída em que milhões de cidadãos fluminenses vivem neste momento.
Além disso, me arrisco a dizer que a família Marinho também gostam muito da ministra (ministra?) do meio ambiente, Izabella Teixeira. É que o (des) governo do Rio de Janeiro tem neste caso um grande parceiro poluidor no governo Dilma. Assim, se tivesse esta matéria saído durante a realização da Conferência Rio +20 é capaz que a ministra, filha dileta do licenciamento ambientl Fast Food, tivesse tido ainda mais chiliques.
Afinal, basta ler a matéria creditada a Rafael Galdo e Rogério Dalfon, e por favor leiam, para tomarmos consciência da gravidade do problema representado pela poluição da maioria dos rios que correm dentro do território fluminense. O problema, contudo, ainda deverá aumentar ainda mais por causa das inúmeras licenças ambientais tipo "Fast Food" que Carlos Minc andou autorizando, as quais deverão aportar ainda mais contaminantes em corpos aquáticos que já se encontram mortos e praticamente soterrados.
A hora de cobrar soluções é agora. Esperar mais significará apenas sede, doenças e destruição!
Recursos hídricos do estado recebem pelo menos 2,25 bilhões de litros de esgoto ‘in natura’ por dia
Por Rafael Galdo e Rogério Dalfon
‘Rio? Não tem nenhum aqui”, respondeu uma jovem com ar de estranheza.
Segundos depois, ela se lembra: “Ah, o valão”. As respostas de uma
moradora de Queimados ao ser perguntada sobre a localização de um rio do
município da Baixada Fluminense retratam em que se transformou grande
parte dos cursos d’água do estado. O Rio de Janeiro, que acabou de
sediar a Rio+20, reduziu muitos de seus rios a leitos de esgoto e lixo.
Todos os dias, pelo menos 2,25 bilhões de litros de esgoto in natura
são despejados nos rios do estado, revelam cálculos feitos com base em
dados de 2010 do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento
(Snis), do Ministério das Cidades. Um panorama de degradação que será
mostrado a partir de hoje no GLOBO, na série de reportagens “Os rios do
Rio” — e que se agrava quando se leva em conta que, até 2025, segundo
alerta da ONU, dois terços da população do planeta podem ser afetados
pelas condições críticas da água (como escassez e poluição).
Vanguarda em tantas áreas, o Rio ainda não soube valorizar nem preservar a sua riqueza hídrica. Feito a pedido do GLOBO, um levantamento da Gerência de Geoprocessamento e Estudos Ambientais do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) contabiliza 95 grandes bacias em dez regiões hidrográficas. Nelas, há 2.761 rios e afluentes, sem considerar riachos e áreas de nascentes. Juntos, eles percorrem mais de 15.500 quilômetros no estado. Desse total, cerca de 9.200 quilômetros ficam nas quatro regiões por onde passa o Paraíba do Sul, principal rio do estado, cujo desvio para o Guandu abastece aproximadamente nove milhões de pessoas na Região Metropolitana. Tamanha importância não evita que o histórico Paraíba também sofra um flagrante desrespeito. Ele, que nasce em São Paulo e corta o interior do Rio, ainda com um trecho na divisa com Minas Gerais, recebe diariamente 300 toneladas de carga orgânica, sendo 86% dejetos domésticos e 14% industriais.
Sem oxigênio, leitos de morte
Mas,
se a vitalidade do Paraíba se mantém a despeito da ação do homem,
muitos rios agonizam na Região Metropolitana. Geralmente, é quem vive
perto deles que percebe de forma mais dramática o efeito devastador da
poluição. Moradora das margens do Rio Faria-Timbó, na Favela Mandela de
Pedra, no Complexo de Manguinhos, Rosanilda Galdino se depara sempre com
o esgoto dentro de casa. O rio, diz ela, recebe dejetos de toda a
comunidade. E essa água podre muitas vezes empoça no chão dos barracos.
—
Isso aqui não é vida nem para bicho. Há ratos, lacraias, escorpiões.
Mesmo com as janelas fechadas, há sempre nuvens de mosquito dentro de
casa. Meus netos pegam uma doença atrás da outra — afirma Rosanilda,
que, paradoxalmente, trabalha como faxineira na vizinha Fiocruz,
instituição dedicada à saúde pública.
Uma análise feita pelo GLOBO
a partir do monitoramento da água dos rios que é realizado pelo Inea
mostra que, de 102 pontos de coleta no estado, 72 (ou 70%) apresentam
níveis de coliformes fecais acima de 2.500/100ml, limite para uso de
recreação. No levantamento foi considerada apenas a última medição para
cada ponto feita entre 2008 e 2012. Se observada apenas a Região
Metropolitana, o percentual aumenta para 82,6% (em 57 de 69 pontos de
análise). Pior: em 23 rios, os níveis eram mais de cem vezes o
aceitável. No Rio Guandu Mirim, por exemplo, que corta a região de Santa
Cruz, são 16 milhões por cem mililitros, mesmo índice do Rio Queimados —
aquele que a moradora não conhecia e que dá nome à cidade. Ou seja, os
dois rios, assim como o Bengala, na Região Serrana, tinham 6.400 vezes
mais coliformes que o tolerado.
Por outro indicador de qualidade
da água, o oxigênio dissolvido, a situação também é alarmante. De 126
pontos no estado, 45 (35%) tinham níveis abaixo de 5mg/l (o ideal é que
esteja acima desse índice). Na Região Metropolitana, de 81 pontos de
coleta, os índices estavam abaixo do adequado em 43 (53%). E nove são
cursos d’água mortos, com nível zero de oxigênio: os canais da Penha e
do Itá, além dos rios Guandu Mirim, Irajá, Marinho, Piraquê, Queimados,
Meriti e Vala do Sangue, todos na capital e na Baixada.
— O esgoto
matou esses rios. E há outros agonizando, como o Maracanã, o Jacaré, o
Faria-Timbó e o Canal do Anil, na capital — diz Paulo Canedo,
coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ. — O maior
inimigo da água, no mundo inteiro, é o esgoto doméstico. Se você quiser
poupar água, trate o esgoto. Se quiser ter menos doença, trate os
esgotos, porque a metade das internações hospitalares é devido a doenças
de veiculação hídrica. Quando se discute a questão ambiental, aponta-se
uma lista de responsáveis pelos problemas. Mas todos se calam em
relação ao esgoto. O assunto nem estava na pauta da Rio+20. O poder
público e a sociedade não querem se responsabilizar.
O que os
números comprovam há tempos é vivido pelo pescador Antônio Carlos
Nogueira, morador de Jardim Gramacho, em Caxias. Navegando pelos rios
Iguaçu e Sarapuí, ambos incluídos na lista de 17 cursos d’água com
classificação “muito ruim” no Índice de Qualidade de Água do Inea, ele,
em 17 anos de pesca, viu diminuir a fonte de sustento de sua família.
Hoje, a escassez de peixes o leva a águas mais distantes para
sobreviver.
— No Sarapuí, eu pescava robalo, corvina, pescadinha,
sardinha e camarão. Hoje só tem tainha, e mesmo assim raramente. Sobrou
pegar caranguejo no mangue da Baía — conta Antônio, enquanto olha
desolado o rio, no encontro com o Iguaçu e próximo ao lixão de Gramacho,
recentemente desativado.
Essa mesma Bacia do Iguaçu está
recebendo quase R$ 1 bilhão em investimentos no Projeto Iguaçu. Ele
prevê a recuperação ambiental e a prevenção de enchentes nos rios
Iguaçu, Sarapuí e Botas, com recursos do PAC e do estado. Como parte do
programa, já foram retirados quatro milhões de toneladas de lixo e lama
desses cursos d’água, além de 20 mil pneus. Apesar disso, em muitas
áreas, inclusive nas que já foram beneficiadas, vê-se lixo de todo tipo.
Em
Belford Roxo, as margens do Rio Bota tem até nome famoso: Avenida
Atlântica. Mas quem anda pelo calçadão dali, em vez da beleza de um dos
principais cartões-postais do país, Copacabana, se defronta com água
contaminada, sacolas de lixo, garrafas PET, animais mortos, sofás e
carcaças de carros. No bairro Xavantes, próximo a cada rua perpendicular
ao rio há tubulações de esgoto e águas pluviais despejando efluentes —
enquanto, perto dali, uma estação de tratamento de esgoto enferruja há
mais de dez anos sem funcionar.
Dinheiro que vai embora pelo ralo
Estações
abandonadas ou operando abaixo de sua capacidade, aliás, são um
lugar-comum no Rio, como a ETE São Gonçalo, construída pelo Programa de
Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), mas que permanece altamente
ociosa, num município com grande carência de saneamento. Nova Iguaçu
também é um exemplo desse problema: embora a cidade tenha oito estações
de tratamento, o esgoto de apenas 4,86% dos moradores era tratado em
2010, segundo informou a prefeitura ao Inea para cálculo do ICMS
Ecológico (fatia dos recursos do ICMS a que as cidades têm direito de
acordo com metas ambientais atingidas). Não por acaso, Caxias, Nova
Iguaçu, São João de Meriti e Belford Roxo estão na lista dos dez piores
municípios em saneamento no Brasil entre aqueles com com mais de 300 mil
habitantes.
Com dados do ICMS Ecológico, o Inea diz que o índice
de tratamento no estado vem aumentando: de 24% da população urbana
atendida em 2006 para 33% em 2011. E a meta é ambiciosa: chegar a 2018
com 80% de coleta e tratamento de esgoto, além de extinguir os lixões.
Mas as deficiências são superlativas, e o passado condena.
— Na
Baixada, por exemplo, o primeiro programa de saneamento aconteceu em
1982. Dez anos depois, o PDBG tampouco solucionou o problema. Houve
outros programas, como o Nova Baixada e o Baixada Viva. Agora se anuncia
o Guanabara Limpa. É um programa atrás do outro, com muito dinheiro
público e financiamento externo. Mas a região não saiu do lugar — afirma
Ana Lúcia Britto, professora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da UFRJ.
FONTE: http://oglobo.globo.com/rio20/o-curso-amargo-da-agua-doce-5299826
FONTE: http://oglobo.globo.com/rio20/o-curso-amargo-da-agua-doce-5299826