Por Tatiane Bortolozi | Valor
Petrolífera de Eike Batista cai para menor valor histórico na bolsa
SÃO PAULO - As ações da OGX fecharam este pregão em queda de 9,19%, cotadas a R$ 2,37. As ações começaram a desabar na segunda-feira, quando a companhia divulgou uma queda de 12% na produção de petróleo offshore em fevereiro. Naquele pregão, por poucos momentos, os papéis foram cotados a R$ 2,49, renovando a mínima de R$ 2,50 em 6 de novembro de 2008, auge da crise financeira mundial.
O giro financeiro neste pregão foi de R$ 315,3 milhões e, na semana, a média é de R$ 355,4 milhões. Como comparação, nos 20 pregões que antecederam esta semana, o giro financeiro foi de R$ 296,5 milhões.
As ações recuam 23,8% na semana e 89,8% desde que alcançou o maior valor histórico, de R$ 23,27, registrado em 15 de outubro de 2010.
Desde a abertura de capital, em junho de 2008, as ações perdem 79% de valor de mercado. A ação foi vendida a R$ 1.131 na oferta inicial de ações, mas passou por um desdobramento na razão de 100 para 1, em 2009.
Os maiores acionistas da OGX são os dois braços do fundo Centennial Asset, de Eike Batista. Juntos, de acordo com dados enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 25 de fevereiro, o Mining Fund e o Equity Fund detêm 61% do capital social da OGX. O mercado possui os 39% restantes, mas como cada acionista individual não comprou mais que 5% dos papéis, os dados não precisam ser informados à autarquia. Assim, Batista é visto como o maior prejudicado com as oscilações da petrolífera na BM&FBovespa.
A OGX acumula sete cortes de recomendação — dos bancos Bank of America Merrill Lynch (BofA), Citi, Credit Suisse, UBS, Santander, Itaú e J.P. Morgan — entre ontem e hoje. O preço-alvo chegou a ser reduzido em quatro vezes pelo BofA e em mais da metade pelas outras casas de análise.
O BTG Pactual é o único a manter a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 17,63. O banco foi questionado sobre possíveis revisões para a tese de investimentos da OGX, mas informou, por meio de sua assessoria, que "não comenta sobre empresas específicas".
Na semana passada, as ações da OGX dispararam 16,5% em razão de uma parceria estratégica entre o grupo EBX e o BTG, visto como uma esperança para dar fôlego financeiro às empresas "X". Na época, o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Banck, reafirmou a recomendação de venda ao dizer que "apesar de ser uma notícia positiva para o grupo, mais especificamente para a OGX, a parceria não muda os desafios de curto e médio prazo que a companhia enfrenta, principalmente a geologia complicada de Tubarão Azul e as incertezas sobre o futuro desempenho de outros campos na bacia de Campos."
Recomendações mais baixas
O banco J.P. Morgan reduziu hoje a recomendação, de compra para manutenção, e colocou o preço-alvo para 2013 em revisão. A estimativa é de um valor entre R$ 1,30 e R$ 4,00 por a ação, de uma projeção de R$ 8,00 em janeiro. “A principal razão para o corte de recomendação é a menor expectativa de declaração de comercialidade”, escreveram os analistas Caio Carvalhal e Felipe dos Santos.
Os dados abaixo do esperado em fevereiro revelaram as dificuldades da petrolífera em desenvolver economicamente os recursos da bacia de Campos, e, perto da conclusão da fase exploratória, há menos chances de apresentar novas descobertas. Além disso, há mais de 50 dias a empresa faz testes no prospecto de Cancun, sem nenhuma notificação de descoberta, o que pode indicar que os poços podem estar secos, indicou o Citi em relatório divulgado ontem.
O Santander cortou o preço-alvo para as ações de R$ 5,70 para R$ 1,80 e a recomendação foi ajustada de manutenção para venda. As estimativas do próprio banco para a produtividade da empresa foram cortadas de 1,8 bilhão de barris para 700 milhões de barris no campo de Waimea, na bacia de Campos. O banco acredita que a campanha em Cancun também pode decepcionar os investidores.
No fim da noite de ontem, o Itaú BBA também derrubou o preço-alvo sobre os papéis, de R$ 8,30 para R$ 2,90, e a recomendação, de compra para manutenção. “Em revisões anteriores, ainda estávamos preparados para dar à OGX algum crédito pela exploração e pelo potencial do portfólio em Campos, sendo essa razão pela qual a recomendação sobreviveu por tanto tempo”, explicaram os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes.