quarta-feira, 10 de julho de 2013

Valor Econômico: OGX provoca prejuízo em fundos globais


Reestruturação da dívida da OGX pegará gigantes como Pimco

Por Aline Oyamada e Vanessa Adachi | De São Paulo

A proposta de renegociação da dívida externa da petroleira OGX pegará em cheio alguns dos maiores fundos globais de investimento em títulos de renda fixa. Um caso é o da Pimco, uma das maiores gestoras do mundo. O Valor apurou que o fundo era o maior credor da OGX no lançamento dos bônus, com cerca de US$ 800 milhões. Essa posição teria sido muito reduzida, parte por conta da desvalorização dos títulos e parte por uma estratégia de venda da instituição. Segundo levantamento da Bloomberg, os bônus da OGX em poder da Pimco valiam US$ 488 milhões no fim de 2012 e US$ 128 milhões em março.

Uma esperada proposta de renegociação da dívida externa da petroleira OGX, de Eike Batista, pegará em cheio alguns dos maiores fundos de investimento globais em títulos de renda fixa. Esses fundos já têm enfrentado pesados prejuízos com os papéis da empresa, que perderam a maior parte do seu valor nos últimos meses.

O caso da Pimco, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, é emblemático. O Valor apurou que o fundo era o maior credor da OGX no lançamento dos bônus, totalizando investimento de cerca de US$ 800 milhões. Essa posição teria sido substancialmente reduzida, parte por conta da desvalorização dos títulos e parte por uma estratégia de venda da instituição, que tem US$ 2 trilhões em ativos sob gestão. Segundo apontou a "Bloomberg", os bônus da OGX detidos pela Pimco valiam US$ 488 milhões no fim de 2012 e US$ 128 milhões no fim do primeiro trimestre de 2013. Procurada, a gestora não comentou o assunto.

Sendo uma das principais credoras da dívida da companhia de Eike Batista, a Pimco deve receber proposta para renegociar os títulos que detém. Isso porque a companhia tem dívidas cujo valor de face supera o de seus ativos. Segundo revelou o Valor no início do mês, com o plano de desmembramento do grupo X, a ideia é propor a detentores de dívida da OGX uma recompra antecipada dos papéis com forte desconto, usando os recursos da venda de campos de petróleo remanescentes, ou uma conversão da dívida em ações - ou um combinado dos dois.

Outra grande gestora de renda fixa que deve participar dessa renegociação é BlackRock. Procurada, a gestora de quase US$ 4 trilhões em ativos não revelou sua atual exposição à dívida da petroleira, mas de acordo com o último relatório anual de seu fundo de bônus "high yield" (que pagam mais em função do perfil de crédito mais arriscado), a BlackRock detinha US$ 68,4 milhões em bônus da OGX em setembro de 2012. Em outro fundo, o "Total Return Fund", na mesma data, era credora de mais US$ 3,2 milhões.

A Oppenheimer Funds, gestora americana de ativos que possui um fundo voltado à divida de emergentes, também foi procurada, mas não revelou sua atual posição nos papéis da companhia de Eike Batista. De acordo com o último relatório mensal de seu portfólio, de 30 de abril de 2013, detinha 750 mil papéis da OGX com vencimento em 2018. A gestora não informa quando foram adquiridos.

A OGX tem mais de US$ 3,6 bilhões em títulos de dívida em circulação no mercado internacional, sendo US$ 2,563 bilhões com vencimento em 2018 e US$ 1,063 bilhão, em 2022. Esses papéis vêm se desvalorizando severamente no mercado secundário desde o início de março, em resposta a uma série de notícias negativas que levaram diversos analistas do mercado financeiro a cortarem suas recomendações de investimento e agências de rating a rebaixarem as notas de crédito da companhia.

O preço dos bônus da OGX com vencimento em 2018, que superava 90% do valor de face no começo de março, caiu para 19% no início de julho, levando o yield (retorno) do papel a superar os 60% ao ano. Na terça-feira, eram negociados entre 25% e 27,5% do valor de face.