sexta-feira, 26 de julho de 2013

Debate com vice-reitor no CCH e a rejeição da política pela reitoria da UENF


No final da tarde de ontem ocorreu um debate que deveria ter reunido mais gente, pois o evento reuniu os professores Edson Correia e Yolanda Lobo e o item de discussão era, óbvio, o modelo UENF. O evento foi organizado pelo CA de Ciências Sociais e atraiu também docentes de vários centros.

Eu nem vou me aprofundar nas pérolas que ouvi do vice-reitor para quem ficou demonstrado por alguém que conhece que ele, vice-reitor, não sabe nada de Darcy Ribeiro, algo que turva seu conhecimento sobre a UENF e seu modelo institucional.

Um dado me chamou a atenção: o vice-reitor informou que a UNICAMP tem hoje um corpo docente formado por 91% de professores em dedicação exclusiva. E o que ele propõe na UENF? Que saiamos de 100% para 85%!

Mas para quem esperava que o vice-reitor tivesse dificuldades para debater com os docentes, eu tenho a dizer que ele foi literalmente fritado pelos estudantes. Como resposta para a sua falta de respostas, o vice-reitor começou a questionar as falas como elas sendo políticas e emocionais. Dai a resposta de uma estudante que é de deixar qualquer um que use o argumento da anti-polítca envergonhado (claro para aqueles que ainda têm essa capacidade):

--- Tudo é política, a DE política!

Touché! A DE é política, tudo é política. E a destruição da DE como modelo único de contratação de docentes é uma decisão política de precarizar a UENF e facilitar o seu desmantelamento.

Outro momento ímpar foi quando um aluno perguntou se o horistas 20 iria resolver o problema de falta de doutores nos cursos de Engenharia. Para minha surpresa, o vice-reitor respondeu que SIM!

Como assim, vice-reitor? Se isso não resolve o problema para a contratação de doutores, qual é mesmo a justificativa para esse descalabro? Ah, sim, criar o curso de Medicina!


Finalmente, eu não tive como ficar no debate mais tempo, mas sei que o vice-reitor depois foi confrontado por professores e estudantes até a exaustão. Mas se ele repetiu a performance que eu assisti, o espetáculo foi dantesco!


Mas para não parecer ingrato ao vice-reitor que se colocou numa condição de ser confrontado em condições em que ele raramente deve ter se visto desde que chegou na UENF e foi logo assumir uma pró-reitoria, deixo aqui para ele um poema de Bertold Brecht:

"O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."


E vamos à reunião do CONSUNI, 9:00 horas no Apitão, que deverá ser novamente interessante!