quarta-feira, 10 de julho de 2013

Brasil de Fato/RJ: O povo nas ruas e o Cabral nas alturas


Editorial - Brasil de Fato- Edição Rio de Janeiro

É impressionante o grau de desimportância que dá o governador Sérgio Cabral às recentes mobilizações que assolam o país e em especial aqui no Rio de Janeiro. É como se as vozes da rua não fossem fortes o suficiente para atravessar as grossas paredes do palácio Guanabara e chegar aos ouvidos do principal chefe do executivo estadual.

Nem mesmo o acampamento montado próximo à sua residência, ecoando as principais reivindicações que são repetidas nas ruas, foram capaz de sensibilizá-lo ao ponto de sair a público e anunciar medidas estruturantes nas áreas sociais de sua responsabilidade. Ao contrário. O que se viu foi a ação da polícia barbarizando os manifestantes na madrugada e expulsando-os com violência.

Agora vem a público, a denúncia que o governador estaria utilizando o helicóptero oficial para fins particulares. O Ministério Público do Rio de Janeiro já abriu investigação para apurar essa denúncia e se for comprovada, Cabral se juntará ao presidente do senado, Renan Calheiros; ao ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves; ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, entre outros, no clube daqueles que se utilizam do dinheiro público para outros fins.

Consta que o governador se move de helicóptero desde sua residência no Leblon até o palácio Guanabara em Laranjeiras, onde despacha todos os dias. Deve ser por isso que não vê o caos que está o transporte público. Anteontem mesmo uma pane no metrô deixou milhares de pessoas literalmente a pé na estação Engenho da Rainha e a cada dia aumenta o descaso da concessionária com a população usuária do metrô.

A última incursões da Polícia Militar na Maré, resultando em 10 mortes e vários feridos é mais um capítulo desse drama que vive o povo carioca, principalmente os que residem nas comunidades sem assistência do estado. Essa truculência é o cartão de visitas de um governo que comanda uma das polícias mais violentas e corruptas do país.

E a saúde pública? A situação dos hospitais estaduais é de caos total. Não conseguem atender todas as vítimas e os que são atendidos reclamam da qualidade desse atendimento. O sistema precarizado, se vê cada vez mais se afundando com a diminuição dos investimentos que lhe é de direito e se aceleram as propostas de privatizações. 

Amanhã, dia 11 de julho, haverá novas mobilizações em todo Brasil e aqui no Rio de Janeiro seguramente esses temas e outros serão levados para as ruas. As Centrais Sindicais, juntamente com os movimentos sociais do campo e da cidade e os estudantes empunharão suas bandeiras e reivindicações que tem direção certa: O poder federal, estadual e municipal. 

Esperemos que dessa vez o povo seja ouvido. E aqui no Estado, o governo cumpra seu papel, e assuma suas responsabilidades. Afinal, foi para isso que foi eleito por esse mesmo povo que pode fazê-lo descer das alturas, pelo menos nas pesquisas de opinião, como já o fez.