Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abre
investigação sobre ausência de depósito de R$ 1 bilhão na petroleira, que
deveria ter sido feito por Eike Batista, e falhas de comunicação ao mercado
pela empresa; xerife da bolsa de valores tem poderes para pedir abertura de
inquérito policial; sem caixa, companhia vale zero, segundo banco Barclays;
comunicado emitido pela companhia na manhã desta quarta-feira 3 afirma que
compromissos "de médio prazo" serão pagos com dinheiro ainda a ser
recebido; BNDES, bancos públicos, privados e centenas de fornecedores em
transe: como Eike vai pagar suas dívidas bilionárias?
247– Sob o forte risco de aplicar um dos maiores calotes dos últimos tempos
no mercado, o empresário Eike Batista já virou caso de polícia. A petroleira
OGX, do grupo EBX, está sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) por supostas falhas na divulgação de informações e pela ausência de
depósito de R$ 1 bilhão no caixa da empresa, que deveria ter sido feito pelo
bilionário. Entre as informações que podem ter sido mal comunicadas ou
omitidas, está a promessa de produção de petróleo que não se confirmou.
De acordo com o presidente da autarquia, Leonardo
Pereira, o papel da CVM é investigar se empresas divulgam informações
verdadeiras e se deixam claro a evolução dos dados. Com a OGX, diz ele, não
será diferente. "Quando o investidor fica desprotegido é uma falta
grave", afirmou nesta quarta-feira. Segundo a CVM, o caso ainda não virou
um processo sancionador – quando há acusações e possibilidade de julgamento.
Mas quando – e se – chegar a esta etapa, um dos acusados deverá ser o diretor
de Relações com Investidores da empresa, principal responsável pela divulgação
de comunicados.
Na manhã desta quarta-feira 3, a OGX informou que,
apesar do desembolso de US$ 449 milhões, a companhia terá recursos para honrar
seus compromissos no médio prazo. A empresa conta com um dinheiro que ainda
será recebido. Por meio de nota, a companhia afirmou também que, na medida em
que seja necessário caixa adicional, ela poderá ainda exercer a opção outorgada
pelo seu acionista controlador, ou seja, Eike Batista, de aportar até US$ 1
bilhão na petrolífera.
"A companhia acredita que não obstante o
desembolso atual, a perspectiva do recebimento do valor devido pela cessão de
uma participação de 40 por cento nos Blocos BM-C-39 e BM-C-40 tem condições de
assegurar recursos necessários para que possa honrar com os seus compromissos
de médio prazo", disse a OGX em nota, após questionamento da CVM.
Depois de anunciar que seu único campo de petróleo, o Tubarão Azul, não tinha mais
como retirar óleo e, por isso, poderia parar sua produção em 2014, a OGX
provocou um grande receio de calote no mercado. Nesta terça-feira, a companhia
teve o seu rating rebaixado por
duas agências de classificação de risco, a Standard & Poors e,
posteriormente, a Moody´s. As ações da empresa também derreteram na
Bolsa de São Paulo.
O colapso da OGX no mercado tem sido tão severo que
investidores já tentam vender suas ações a míseros US$ 0,19. Mas o valor real
dos papéis, de acordo com o banco Barclays PLC, pode ser tão baixo quanto zero.
Segundo informações da Bloomberg, depois do anúncio de Eike sobre o campo de
Tubarão Azul, a OGX passou a ter a ação de menor valor dentre as 1,9 mil
empresas listadas em mercados emergentes.