Exigimos do governo federal a proibição imediata da pulverização aérea e a regulamentação da pulverização terrestre, pois os agrotóxicos como vimos não só geram problemas ambientais e de saúde pública, mas sim um conjunto de problemas sociais
da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Ao povo brasileiro,
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, vem por meio desta nota manifestar sua posição em relação aos acontecimentos que desde o dia 03 de maio vem ocorrendo na escola rural do assentamento pontal dos Buritis localizado na cidade de Rio Verde – GO.
Em 03 de maio uma aeronave da empresa Aerotex sobrevoou a escola durante uma aplicação do agrotóxicos/veneno conhecido como Engeo Pleno da empresa Syngenta, fato que resultou no registro de 93 casos de intoxicação, na sua maioria crianças.
Desde então a atenção à saúde dessas crianças e das demais vítimas, tem sido feita de forma precária e lenta, de modo que muitas crianças dias depois do ocorrido, quando ficaram internadas, tiveram de voltar ao hospital sofrendo sintomas das intoxicações.
Nos dias 25 e 26 de junho uma equipe de profissionais da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO, INCA e da Fiocruz, assessorando o Ministério Público Federal visitou a região e conversou com pessoas que sofreram intoxicações. A equipe contava com médicos profissionais da área de saúde coletiva, toxicologistas, entre outros.
Durante a visita a recomendação feita pelo Ministério Público Federal foi de manter a suspensão das aulas, até que seja assegurado o integral restabelecimento das condições sanitárias e ambientais da unidade escolar.
Na noite do dia 30 de junho a escola foi depredada, e segundo a delegada responsável pelo caso a ação foi realizada por alunos que estudam na mesma.
Nós da Campanha não reconhecemos a ação, porém reconhecemos que banhar a escola de veneno e contaminar dezenas de pessoas em sua maioria crianças também é um ato de depredação, não apenas do patrimônio público, no caso a escola, mas um ato de violência contra a vida.
Queremos alertar para que o centro das atenções não sejam voltadas apenas para o ato da depredação, que por sua vez fica claro como uma resposta de repudio (ainda que equivocada) em relação ao crime cometido quando da pulverização da escola.
Na reportagem exibida pela TV Anhanguera (http://g1.globo.com/goias/noticia/2013/07/escola-atingida-por-veneno-agricola-e-depredada-em-rio-verde-go.html) vemos no quadro as palavras “Protesto Veneno” que deixa claro que tal ato é apenas consequência do crime cometido contra a escola e a vida das pessoas que nela se encontravam quando a mesma foi banhada de veneno, bem como um protesto contra a lentidão no cuidado com a saúde dos intoxicados.
Exigimos que o poder público possa tomar as providências em relação à pulverização aérea de agrotóxicos, punindo os responsáveis daquilo que foi o estopim dos vários problemas que vem enfrentando a escola e as pessoas intoxicadas.
Vale lembrar que o caso da escola de Rio Verde em relação à contaminação por agrotóxicos através da pulverização aérea não é um ato isolado, mas algo recorrente dessa forma de aplicação de veneno que mesmo cumprindo com as exigências legais para aplicação - o que na maioria das vezes não acontece – é extremamente perigosa e contaminante do meio ambiente e das pessoas.
É por isso que exigimos do governo federal a proibição imediata da pulverização aérea e a regulamentação da pulverização terrestre, pois os agrotóxicos como vimos não só geram problemas ambientais e de saúde pública, mas sim um conjunto de problemas sociais, os quais a sociedade brasileira pode evitar adotando um modelo de agricultura baseado na produção agroecológica e sem veneno.
Dessa forma oferecemos a nossa solidariedade a todos os educandos, pais, professores, ao diretor da escola e a todos aqueles e aquelas que de uma forma ou de outra estão sendo afetados pelos acontecimentos trágicos na escola do assentamento Pontal dos Buritis.
Atenciosamente,
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Brasília - DF, 10 de julho de 2013.