Por Téo Takar | Valor
SÃO PAULO - A bolsa brasileira começou o dia mal e terminou ainda pior. Investidores já iniciaram o dia dispostos a realizar lucros por aqui, após uma sequência de três altas consecutivas, na qual o Ibovespa andou 3%. Relatórios mais pessimistas divulgados pelo Bank of America Merrill Lynch e pelo J.P. Morgan reforçaram o movimento.
No começo da tarde veio o rebaixamento do rating da França pela Fitch, a última das três grandes agências de rating a tirar a nota máxima AAA do país europeu. Comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) da Filadélfia, Charles Plosser, de que o Fed deveria reduzir as compras de ativos “muito em breve” também reacenderam a preocupação sobre a possibilidade da instituição antecipar a retirada dos estímulos à economia, ao contrário do que havia sinalizado o presidente do Fed, Ben Bernanke, no meio da semana.
A queda do Ibovespa se acentuou na última hora de pregão por conta da forte baixa das ações do grupo ‘X”. Uma nova rodada de notícias negativas sobre as empresas de Eike Batista circulou hoje na imprensa, ajudando a pressionar os papéis.
Operadores lembraram ainda que as ações são as preferidas dos investidores que querem operar índice, especialmente OGX, dado seu valor relativamente baixo, mas sua variação relevante. Vale destacar também que segunda-feira é dia de vencimento de opções sobre ações. Hoje era o último dia para quem queria assumir posições nos papéis do vencimento. Na segunda-feira será permitido apenas o exercício das opções.
O Ibovespa terminou em baixa de 2,34%, aos 45.533 pontos, muito próximo da mínima do dia (45.528), com volume financeiro de R$ 5,200 bilhões. Desta forma, a bolsa brasileira reduziu a alta na semana para apenas 0,71%. No mês, o índice acumula perda de 4,05% e no ano o recuo chega a 25,30%.
Entre as ações de maior peso, Vale PNA recuou 1,74%, para R$ 27,06%, e Petrobras PN devolveu parte da forte alta de ontem, com baixa de 2,34%, a R$ 15,43.
No grupo X, as perdas foram gritantes. OGX ON terminou em baixa de 21,81%, a R$ 0,43; acompanhada por MMX ON (-20,94%), LLX ON (-22,35%), OSX ON (-18,51%) e CCX ON (-7,5%). Apenas MPX ON fechou em leve alta de 0,68%.
Segundo a “Folha de S. Paulo”, a OGX precisa regularizar o número de membros do seu conselho, com a inclusão de ao menos um membro independente. O “Estado de S. Paulo” diz que a OGX poderá ter que devolver os campos de exploração se a Agência Nacional do Petróleo (ANP) chegar à conclusão que a empresa não tem condições de desenvolvê-los.
A CVM, por sua vez, questionou a EBX por não divulgar fato relevante sobre a reestruturação do acordo com o fundo Mubadala. O Valor apurou que o Bradesco renegociou às garantias de empréstimo concedido à LLX, trocando ações da OGX por papéis da MMX.
A lista de maiores baixas do Ibovespa trouxe, além das empresas ‘X”, as construtoras Gafisa ON (-5,47%) e MRV ON (-5,58%) e também a siderúrgica CSN ON (-5,07%) que havia figurado entre as maiores altas ontem.
A Gafisa informou ontem à noite que seus lançamentos caíram 16% no segundo trimestre, para R$ 461 milhões. As vendas contratadas recuaram 12% no período, para R$ 553,6 milhões. Em relatório, a BES Securities afirmou que os números da Gafisa ficaram abaixo de suas expectativas. “Vemos um risco negativo para as projeções de lançamento da Gafisa. No geral, vemos uma pequena melhora nos resultados operacionais, embora permaneçam fracos”, afirma o analista Eduardo Silveira.
Na ponta positiva da bolsa ficaram Fibria ON (1,74%), Eletrobras PNB (1,53%) e Brookfield ON (0,66%). A Eletrobras informou hoje que 4 mil funcionários aderiram ao plano de desligamento voluntário da estatal. A iniciativa fa z parte do seu programa de reestruturação após o governo mudar as regras de concessão de hidrelétricas no início do ano.