Documentos secretos fornecidos pelo ex-consultor da
CIA Edward Snowden revelam que a empresa de Bill Gates ajudou a NSA a quebrar
os códigos do novo portal Outlook. O acesso ao Hotmail já tinha sido liberado,
assim como o Skype. Em réplica, companhia norte-americana insistiu que só
revela dados de usuários "em resposta às demandas do governo"
Opera Mundi - A Microsoft permitiu à
NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês) interceptar a
comunicação de seus usuários e ajudou a organização a burlar a sua própria
criptografia, segundo revelou nesta quinta-feira (11/07) o jornal The Guardian,
com base em documentos secretos fornecidos pelo ex-consultor da CIA Edward
Snowden. Os documentos
denunciam que a Microsoft ajudou a NSA a quebrar os códigos do novo portal
Outlook, uma vez que a agência não estava conseguindo interceptar as conversas
realizadas através dele. A NSA já tinha acesso à fase pré-criptografada dos
e-mails tanto do Outlook quanto do Hotmail.
Além disso, a
empresa de Bill Gates trabalhou com o FBI no início do ano para facilitar o
acesso da NSA ao SkyDrive, serviço de armazenamento que permite ao usuário
hospedar qualquer tipo de arquivo e já conta com mais de 250 milhões de adeptos
no mundo.
O Skype,
comprado pela Microsoft em 2011, também cooperou com agências de inteligência
no último ano para permitir que o programa de espionagem Prism coletasse vídeos
e áudios de conversas.
Todo o
material obtido a partir do Prism é concedido pela NSA tanto ao FBI quanto à
CIA, sendo que um dos documentos da agência se refere ao programa como um
“esporte de equipe”.
A Microsoft
deu uma declaração dizendo: “Quando nós melhoramos ou atualizamos os produtos,
não estamos imunes à necessidade de cumprir exigências legais do momento ou do
futuro”. A empresa insistiu que só fornece dados de usuários “em resposta às
demandas do governo” e que cumprem essas ordens apenas quando são relativas a
“contas ou usuários específicos”.
Em declaração
conjunta ao Guardian, o porta-voz do diretor de Inteligência Nacional dos EUA,
Shawn Turner, e a porta-voz da NSA, Judith Emmel, disseram que “os EUA operam
seus programas sob fiscalização severa, com monitoramento cuidadoso das cortes,
do Congresso e do Diretor de Inteligência Nacional. Nem todos os países têm
requisitos de fiscalização equivalentes para proteger as liberdades e
privacidade dos cidadãos”.
No mês
passado, o jornal britânico revelou que a NSA anunciava ter “acesso direto”,
através do Prism, aos sistemas de grande parte das empresas da internet,
incluindo Microsoft, Google, Apple, Facebook, Skype e Yahoo!.
Desde que
essas denúncias foram feitas, porém, tanto a Microsoft quanto as outras
empresas citadas negaram ter conhecimento da existência desse programa de
espionagem e insistiram que as agências de inteligência não têm acesso a seus
sistemas.
Os documentos
da NSA, na contramão, mostram uma cooperação profunda e contínua da agência de
segurança com essas companhias da internet. Os que foram revelados agora vêm do
departamento de Operações de Fonte Especial, chamado por Snowden de “joia da
coroa” da organização e responsável por todos os programas que miram nos sistemas
de comunicação dos Estados Unidos através de parcerias com empresas, como o
Prism.
De acordo com
esses arquivos, a preocupação da NSA com o Outlook começou logo que a Microsoft
iniciou os testes, em julho do ano passado. Ao fim de cinco meses, a empresa e
o FBI tinham criado uma solução para os problemas da agência com as mensagens
criptografadas. O portal foi lançado oficialmente em fevereiro deste ano.
Já o Skype entrou para o
programa Prism oito meses antes de ser comprado pela Microsoft, segundo os
documentos. A NSA pôde começar a analisar os dados do serviço no dia seguinte e
a coleta começou em fevereiro. “O feedback indicou que a coleta no Skype foi
muito clara e os metadados pareciam completos”, diz o documento, enaltecendo a
cooperação entre FBI e NSA. “Trabalho de equipe era a chave para a adição
bem-sucedida de mais um fornecedor ao sistema Prism”.