Por OSSAMI SAKAMORI
O segundo ponto importante a destacar nos
empréstimos concedidos ao grupo Eike Batista é que as garantias exigidas para
os financiamentos bilionários, R$ 10,4 bilhões, são as próprias ações do mesmo
grupo econômico
O BNDES e o
Eike Batista anunciaram as renegociações das dívidas do grupo grupo econômico
EBX, de curto prazo, num montante para não botar nenhum defeito, no valor de R$
918 milhões, quase R$ 1 bilhão, que vencem nos meses de agosto e setembro deste
ano. São os empréstimos denominados de "empréstimos pontes" que
as instituições financeiras fazem aos tomadores enquanto aguarda a conclusão de
um empréstimo definitivo maior.
O assunto não
seria estranho se renovações destes empréstimos pontes fossem com as empresas
do porte e solidez como Votorantim, CSN ou Gerdau, por exemplo. Acontece
que o BNDES, que é banco de fomento federal, já anunciou que vai fazer as
renovações com as empresas do grupo do Eike Batista, sabidamente em estado
falimentar. Prorrogar para manter as empresas do Eike Batista em estado
de adimplência perante o sistema bancário, esperando socorro dos presidentes
Lula e Dilma, deve ser o objetivo.
Leiam as
notícias da Folha e na sequência os meus comentários.
O BNDES
aceitou renegociar com o empresário Eike Batista parte das dívidas de suas
empresas com o banco estatal de fomento. Uma parcela de R$ 400 milhões
referentes a um empréstimo que irá vencer em 15 de agosto será possivelmente
prorrogada. Fonte: Folha.
Segundo a
OSX, a "rotina da gestão financeira da companhia inclui o equacionamento
de dívidas de curto prazo, cujo cronograma de vencimentos vem sendo quitado ou
reescalonado", numa negociação que envolve o BNDES e outros bancos. Fonte:
Folha.
A LLX está em
negociações avançadas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) para ganhar mais prazo em um empréstimo-ponte de R$ 518 milhões
que vence em setembro, informou a empresa nesta sexta-feira (19). Fonte: Folha.
Em 15 de
julho, o banco de fomento afirmou que "termos dos contratos entre as companhias
de [empresário Eike] Batista não são de maneira nenhuma diferentes da prática
comum do BNDES". Fonte: Folha.
Comentário.
Imagine se
esta situação descrita estivesse acontecendo com qualquer outra empresa
brasileira. Certamente, no estado de saúde que está o grupo, o BNDES não
daria a prorrogação dos empréstimos. Deixaria correr e quando da
inadimplência executaria as garantias oferecidas. Nos bons tempos do
BNDES, na época de gestão séria, isto que viria a acontecer aos grupos do Eike
Batista e também com o grupo dos empresários Joesley e Wesley Batistas.
Primeiro de
tudo. Os empréstimos que o BNDES alega ser uma operação normal, não são.
O BNDES é banco de fomento e de desenvolvimento do País, até aí, tudo
bem. Acontece que o BNDES financiou projetos no valor expressivo, para o
mesmo grupo econômico, num montante de R$ 10,4 bilhões, em cima de projetos
castelos de papel. O BNDES financiou projetos do Eike Batista em diversos
setores, sem que as empresas tivessem experiências anteriores no setor para
qualquer uma das atividades contemplado com os financiamentos. Aliás,
numa operação inédita, o BNDES financiou empresas "zero quilômetro",
que não tinham nenhum faturamento. Não tinha e não tem.
O segundo
ponto importante a destacar nos empréstimos concedidos ao grupo Eike Batista é
que as garantias exigidas para os financiamentos bilionários, R$ 10,4 bilhões,
são as próprias ações do mesmo grupo econômico. É coisa inédita isto.
Assim, até eu quero tomar R$ 10 bilhões, emprestado! Que conversa fiada isso!
Conversa de estelionatários! Conversa de gângsters!
As tais garantias de fianças bancárias alegadas pelo BNDES e Eike Batista, todo mundo sabe que são discutíveis. Quem as emitiu, certamente, se inadimplente o grupo Eike Batista, não vai honrar, baseado na negligência de análise do próprio BNDES. Enfim, as fianças bancárias vão para o lixo. As ações do mesmo grupo que estão a garantir os empréstimos não estão valendo nada, por motivos óbvios. Então, o BNDES, em termos chulos falamos que estará com bunda para fora!
As tais garantias de fianças bancárias alegadas pelo BNDES e Eike Batista, todo mundo sabe que são discutíveis. Quem as emitiu, certamente, se inadimplente o grupo Eike Batista, não vai honrar, baseado na negligência de análise do próprio BNDES. Enfim, as fianças bancárias vão para o lixo. As ações do mesmo grupo que estão a garantir os empréstimos não estão valendo nada, por motivos óbvios. Então, o BNDES, em termos chulos falamos que estará com bunda para fora!
Se,
efetivamente tornar concreta a renovação dos tais empréstimos, o Luciano
Coutinho do BNDES e os membros do Conselho de Administração do BNDES deverão
ser processados pelo crime de "gestão temerária" e no meu entender
pelo crime de "peculato", uma vez que está evidente que existe
conluio dos agentes públicos na própria concessão dos empréstimos e agora para
tentar salvar situação de insolvência do grupo Eike Batista por via não tão
convencional. Operação 171.
O processo
normal nos casos como as das empresas do Eike Batista é a recuperação judicial.
A solução deverá vir do consenso entre os credores do grupo Eike Batista,
dentro das regras e trâmites que a legislação exige para o caso. A conta
é salgada, vai sobrar para os contribuintes pagar a conta do Eike Batista para
com o BNDES, montante de R$ 10,4 bilhões acrescidos de despesas judiciais
cabíveis. Melhor, contribuinte pagar os R$ 10,4 bilhões, do que pagar
muitas vezes mais, deixando o processo de estado falimentar prolongar por
período longo.
Solução é simples, que decrete a falência das
empresas do menino Eike Batista e acabar com a lenga lenga e intermináveis
justificativas injustificáveis. Vamos pagar o prejuízo, R$ 10,4 bilhões, mas
queremos que prendam os responsáveis pelos empréstimos! Que os mandantes
sejam responsabilizados, seja quem for, do mais baixo ao mais alto escalão da
República. Vamos ver, onde vai parar isto. Não aguento mais pagar
conta dos bandidos! Socorro!