quarta-feira, 3 de julho de 2013

A UENF de Darcy Ribeiro sob ataque: por fora e por dentro


A UENF vem vivendo um ataque sem precedentes sobre sua estrutura conceitual que, agora se encontra sob o grave perigo de ser completamente desmantelada. Que o (des) governo Cabral tem profunda ojeriza à instituição criada por Darcy Ribeiro não é difícil notar, pois o encolhimento progressivo do orçamento vem resultando numa asfixia sem precedentes de todas as estruturas, começando pelo ensino.  Nisso, o (des) governador que gastou de mais de R$ 1 bilhão na reforma do Maracanã, pois todo o sistema universitário se encontra sob o mesmo tipo de asfixia financeira e política. 

Mas existe um problema ainda maior que é a presença de um grupo dentro da reitoria que vem internalizando a tentativa de destruição da UENF do Terceiro Milênio, humanista e envolvida na solução dos problemas da maioria pobre da nossa população. Nesse sentido, a Professora Yolanda Lima Lobo, em sua recente manifestação publicada aqui nesse blog, diz o seguinte:

" Gostaria de manifestar a minha perplexidade com a situação atual que estamos vivendo na UENF. A Universidade Estadual Norte Fluminense parece estar ameaçada de vir a abrigar no seu recinto, nos últimos cinco ou seis anos, os mais ferozes e truculentos adversários do modelo de universidade elaborado por Darcy Ribeiro. Desde quando um colegiado executivo - que deve ocupar-se de atividades-meio - se arvora no direito de fazer proposta de leis, assumindo funções que são dos órgãos pensadores das atividades-fins da universidade? Desde quando um colegiado executivo se julga competente para alterar proposta de trabalho dos docentes? A minuta de Projeto de Lei que tem a pretensão de regulamentar o regime de trabalho dos professores da universidade, feita pelo atual vice-reitor e com a aprovação dos diretores de Centros, é um tiro de canhão no modelo de universidade criado por Darcy Ribeiro."

Essa truculência se apresenta sob várias facetas, mas a mais essencial é a falta de transparência com que assuntos cruciais são tratados e da aplicação de vários pesos e medidas, que impedem toda a comunidade da UENF de ter acesso às informações essenciais e, pior, de ter as mesmas chances de tratamento. Esse tipo de ação casuística foi motivo de uma manifestação do Prof. Carlos Rezende, chefe do Laboratório de Ciências Ambientais, em reação a uma decisão que contraria decisões anteriores no que se refere ao treinamento de técnicos que possuem doutorado. Nesse caso, Carlos Rezende apontou para essa situação afirmando que:

"É lamentável que este tipo de terrorismo esteja implantado da UENF e digo mais: é típico de um regime totalitário, e para quem não reconhece isto, eu só posso lamentar. Sempre que as pessoas são enganadas e formam opiniões muito distantes da verdade, fica claro que o erro se infiltrou na mente de todos por meio de algum artifício que traga certas semelhanças em relação a algum tipo de verdade. Isto que está acontecendo na UENF. Acabo de receber a notícia de que o Colegiado Acadêmico não aprovou uma solicitação de um  técnico com doutorado sob minha supervisão para fazer um pós-doutorado dentro de um projeto do Programa Ciência Sem Fronteiras. Mas vejam que existem outros casos onde técnicos com doutorados foram integralmente liberados. Será por que? Enfim, quando uma instituição mente para os seus servidores, a instituição fica enfraquecida, e para aqueles que ainda ficam achando existem donos da verdade, parem para pensar."

A situação descrita por esses dois professores com longa vivência universitária dentro e fora da UENF é apenas a ponta do iceberg no projeto de desconstrução de uma UENF comprometida com valores caros à formação crítica e ao comprometimento com a transformação social.

A situação com que nos defrontamos na UENF é grave, e precisa de uma resposta do conjunto daqueles que, dentro e fora da comunidade universitária, desejam que a instituição criada por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro não tenha sua capacidade criativa amputada em nome de um modelo que precariza o ensino e privatiza o acesso à universidade. E esse projeto de destruição do projeto criado por Darcy Ribeiro tem dois parceiros: a reitoria da UENF e o (des) governo de Sérgio Cabral.