Por Cláudia Schüffner | Do Rio
O negócio de petróleo nasceu em 2007 com planos ambiciosos que não se concretizaram até agora, apesar de a empresa ter sido responsável pela segunda maior campanha exploratória do país depois da Petrobras. Expectativas exageradas ou dificuldades com a geologia, o fato é que a OGX divulgou estimativas de reservas de óleo e gás que não se comprovaram e cuja produção está sendo mais difícil, cara e em volumes menores.
A consequência está na bolsa de valores, onde a petroleira perdeu quase R$ 25 bilhões do valor de mercado desde a oferta inicial de ações, em junho de 2008. Em 2010, Eike Batista anunciou a intenção de vender uma fatia da empresa para financiar investimentos.
As chinesas Sinopec e CNOOC avaliaram o negócio, mas tudo indica que foram inibidas pelo valor pedido muito elevado. Na semana passada, o empresário encontrou-se com executivos da estatal Petronas, da Malásia. As informações são de que estão analisando a OGX há alguns meses, mas não há indicação se, ou quando, chegarão a um acordo.
Há uma certa inquietação no mercado com a geração de caixa da companhia. No último balanço a dívida líquida da OGX era de R$ 3 bilhões e a receita no último trimestre foi de apenas R$ 150,7 milhões. Da dívida total (R$ 8,046 bilhões), a maior parte (R$ 7,9 bilhões) vence no longo prazo.
Há decepção com relação a promessas aos investidores que estão se mostrando excessivamente otimistas. A meta inicial era que a OGX chegasse em 2011 produzindo 20 mil barris diários, volume que alcançaria 730 mil barris em 2015 e 1,4 milhão de barris em 2019, volume que a Petrobras atingiu em 1999, 46 anos depois da fundação da estatal.
E os resultados da OGX são bem mais modestos. Este ano, a empresa está produzindo 13,2 mil barris de petróleo por dia no campo Tubarão Azul (antigo Waimea), na Bacia de Campos, por meio de três poços por onde jorram uma média de 4,2 mil barris por poço diariamente. O custo de produção ("lifting cost") é elevado e a média das quatro cargas de petróleo já comercializadas foi de US$ 58,58 por barril. Ao mencionar que iria produzir com custo baixo em 2010, Eike estimou que seria de US$ 8.
Só para efeito de comparação, o lifting cost da Petrobras em 2012 foi de US$ 13,92 antes do pagamento das participações governamentais. Essa diferença é explicada, em parte, pela pouca escala, mas a companhia também está gastando muito com serviços para extrair óleo. A atual produção é insuficiente para utilizar toda a capacidade da plataforma OSX-1, que é capaz de processar e armazenar 60 mil barris diários. Outro poço está sendo perfurado nesse campo.
O grandioso plano inicial previa a necessidade de encomendar 48 embarcações da empresa irmã - o estaleiro OSX - entre FPSO (de armazenamento, produção e transferência), TLWP (fixas e de completacão seca) e navios de apoio. Essas potenciais encomendas serviram de alavanca para a criação do estaleiro, que hoje tem garantida a maior parte da receita com o aluguel das plataformas alugadas para a OGX construídas no exterior (as instalações não estão prontas).
O comportamento da rampa de produção da OGX é difícil de prever, dada a difícil geologia dos reservatórios com formações de carbonatos na Bacia de Campos, cuja produção é menos homogênea. A OGX vai receber mais duas FPSOs da OSX em junho de 2014.
No segundo semestre a OGX vai começar a produzir óleo no campo de Tubarão Martelo (antigo Waikiki), até agora o melhor reservatório já descoberto na área do bloco BM-C-41. Ali será instalada a plataforma OSX-3 no segundo semestre e três poços já foram perfurados.
Em 2014 chegarão mais duas WHPs que vão acelerar a perfuração de poços (o plano de desenvolvimento prevê 14). Outras duas FPSOs estão nos planos, mas a efetivação das encomendas depende do sucesso exploratório.