Não é de hoje que tem gente tentando vender a idéia de que o Porto do Açu é uma espécie de redenção econômica para a região Norte Fluminense. Essa proposição vem sendo usada por vários personagens para vender a idéia de que é preciso "blindar" o empreendimento, de modo a protegê-lo de seus eventuais críticos. De quebra, os veiculadores dessa proposição não se sentem nenhum pouco sensibilizados pelas remoções forçadas de famílias inteiras, pela destruição da vegetação de restinga ou ainda menos pelo processo de salinização que hoje grassa solto pelas terras e águas do V Distrito de São João da Barra.
A última forma de venda dessa miragem geopolítica é de que o Porto do Açu é importante para a "sociedade" e por causa disso é preciso blindar o projeto, nem que isso custe os meios de vida de centenas de famílias ou dos que correm o risco de informar corretamente a situação do "empreendimento" que supostamente interessa tanto à "sociedade".
O fato, gostem ou não, é que determinados "blindadores" estão sendo mais realistas do que o próprio Grupo EB (X )que, por exemplo, já caiu parcialmente na real e passou a tratar a questão da salinização com um mínimo de transparência e cuidado.
Mas nada disso deve sensibilizar os que querem vender o peixe de que o "Porto do Açu interessa à sociedade". Mas o mais correto é que esses defensores empedernidos dissessem claramente que a sociedade a que eles se referem são as sociedades anônimas e as sociedades limitadas que são, afinal de contas, aquelas que localmente estão ganhando alguma coisa com a venda de todo tipo de coisa, incluindo uma mega bolha imobiliária que hoje inflaciona terrenos e aluguéis.
Por outro lado, o que a maioria das pessoas que fica de fora de benefícios privados está se perguntando é se isto que está fazendo no V Distrito de São João da Barra é mesmo esse tal de "desenvolvimento". E a resposta que eu tenho a oferecer é simples: só se for da venda de imóveis, móveis e outros apetrechos. O problema é que nesse ganho privado de uns poucos, o prejuízo imediato e futuro está sendo jogado nas costas do coletivo que se chama "Sociedade" e que não é nem anônima, nem tampouco limitada.
Uma última nota: se o Grupo EB (X) continuar na atual toada de dependência dos empréstimos do BNDES, o mais provável é que a redenção que uns poucos querem blindar nunca chegue a se materializar. Afinal, o BNDES ainda é banco, e como todo bom banco um dia vai querer receber a parte que lhe compete de volta.