sexta-feira, 5 de julho de 2013

Revista Exame aponta: Como a situação de Eike pode ficar ainda pior

Segundo especialistas consultados por EXAME.com, enxurrada de más notícias pode não ter acabado para o bilionário brasileiro


Daniela Barbosa, de

VEJA SÃO PAULO
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Eike Batista: situação do empresário pode ficar ainda pior diante do mercado
São Paulo – Há pelo menos um ano, Eike Batista já vinha perdendo credibilidade diante do mercado. No início desta semana, a OGX anunciou a inviabilidade de continuar explorando três poços localizados em Tubarão Azul, na Bacia de Campos, e a situação para o empresário ficou ainda mais insustentável.

A petroleira chegou a entrar na lista das dez empresas no mundo com maior risco de dar calote, segundo a consultoria americana Kamakura Corporation , suas ações chegaram a valer 0,39 centavos no pregão da última quarta-feira, e a fortuna de Eike, que foi já foi avaliada em 30 bilhões de dólares no passado, hoje vale menos de 3 bilhões de dólares, de acordo com ranking da Bloomberg. 

Diante de tantas más notícias, há quem diga que Eike já tenha chegado ao fundo do poço. Há quem defenda, no entanto, que muita coisa ainda está por acontecer e que a situação do empresário pode se agravar ainda mais. EXAME.com consultou analistas e especialistas do setor de petróleo para entender os fatores que podem contribuir para a queda das empresas X e, consequentemente, do bilionário. Veja, a seguir, alguns deles:

Injeção de US$ 1 bilhão pode não acontecer

A OGX é a principal empresa do grupo EBX e é também a que soma o maior números de problemas. Em outubro do ano passado, a fim reacender a confiança do mercado, Eike concordou em comprar 1 bilhão de dólares em ações da petroleira a 6,30 reais. O acordo deve ser cumprido até abril de 2014, mas a grande dúvida é se o empresário terá ou não recursos para injetar o capital na companhia conforme o prometido.

“É impossível saber. O grupo EBX, de Eike, tem capital fechado, e ninguém conhece qual a verdadeira situação financeira dele. Se formos trabalhar com o cenário mais realista de toda essa situação, a quebra da OGX é o cenário mais provável, mas nem sempre o mais provável é o que vai acontecer”, afirmou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Pode não haver interessados em comprar parte da OGX

Outra possibilidade levantada pelos analistas é a dificuldade de a OGX encontrar sócios que estejam realmente dispostos a investir nela. Há rumores de que Eike esteja disposto a deixar o controle da petroleira para tentar salvá-la. “Encontrar um comprador, no entanto, é algo muito difícil. Tão difícil que até hoje não foi feito. Não é algo impossível, mas talvez vendas de partes de blocos, como os negociados com a Petronas, sejam mais viáveis, do que encontrar um sócio propriamente dito”, disse Luiz Caetano, da Planner Corretora.

Credibilidade pode zerar

Para Raphael Cordeiro, da corretora Inva Capital, o pior que poderia acontecer é a perda de mais credibilidade diante do mercado. “Não é falta de dinheiro que quebra uma empresa, é a falta de credibilidade, e a de Eike já está muito abalada. Acredito que a OGX nunca mais voltará a ser o que era antes, mas ainda há chances de a companhia reestruturar sua dívida”, afirmou o analista. 

Dívidas da OGX maiores que as previstas

Outro rumor que preocupa o mercado e também é incerto é o verdadeiro valor da dívida da OGX. Um relatório feito pela Covenant Review conclui que os débitos da petroleira são muito maiores do que os divulgados. O valor que o mercado conhece é de 4,58 bilhões de dólares ao final de 2012. Mas, segundo a consultoria americana, ele poderia ser 39% maior e chegar a 6,38 bilhões de dólares.

As dívidas de curtíssimo prazo também são outra preocupação, como os 449 milhões de dólares que a OGX terá que pagar à OSX imediatamente pela interrupção da construção de algumas plataformas que seriam usadas nos poços que foram suspensos. A companhia, por meio de fato relevante, afirmou que o desembolso não atrapalha os planos da companhia, pois o montante será pago com os recursos que a OGX vai receber pela venda de 40% dos blocos exploratórios BM-C-39 e BM-C-40.

Situação do cenário econômico não ajuda

De acordo com Adriano Pires, o atual contexto econômico brasileiro não está nada atraente para investidores estrangeiros, o que também pode dificultar os olhares de empresas estrangeiras para investir nas empresas de Eike. 

“O grupo enfrenta a tempestade perfeita. Se a situação do Brasil estivesse melhor, não seria tão difícil atrair investidores”, afirmou o especialista. Para ele, a OGX tem todos pré-requisitos para quebrar e dar o calote, “mas ainda vejo uma luz fraquinha no fim do túnel”, disse. Resta a Eike torcer para que essa luz se multiplique, a ponto de clarear a situação novamente.