domingo, 14 de outubro de 2012

UPPs: A FARSA REPETIDA À EXAUSTÃO AINDA NOS LEVARÁ AO CAOS


Hoje enquanto assistia TV num lugar onde tomava café a pessoa que nos servia retrucou da seguinte forma à uma reportagem mostrada pela TV Globo sobre a ocupação das comunidades dentro do Jacarezinho e Manguinhos que dizia que a invasão das forças armadas havia se dado em 20 minutos e sem a necessidade de disparar um único tiro:

-- Também avisando aos bandidos que se vai chegar, quem é que espera reação?

Essa incredulidade de um trabalhador é a incredulidade que já se apossou faz tempo dos habitantes de todas as ditas áreas liberadas. Lá o que se viu foi o aumento do custo de vida, a expulsão dos mais pobres, a manutenção do poder do tráfico ou a sua substituição pelo poder das milícias.

E tudo isto em nome de quê? De pacificação? Qual nada, tudo isto se deu em nome da especulação imobiliária, do beneficiamento de incorporadores imobiliários e empreiteiras. 

Como que alguém morou num bairro vizinho à Comunidade do Jacarezinho, chego a me envergonhar de ver os tanques da Marinha brasileira entrando em vielas enlameadas e ocupadas por centenas de urubus, enquanto governantes e empresários se refastelam com recursos pilhados do tesouro público. Esses, ao contrário de se envergonhar, devem rir toda vez que essa farsa é legitimidade pelos meios de comunicação.

A verdade é que cada vez que essa proposta de apartamento social se expande, também se expande a possibilidade de que nos afundemos de vez no mais profundo caos social. Depois ainda vai vir algum dito intelectual de coleira acusar os pobres de serem selvagens e ingratos. Mas que ninguém reclame se de uma hora para outra essa farsa toda explodir num violento conflito. Afinal, se os mais pobres estão sendo empurrados até das áreas mais pobres, o que poderemos esperar se não uma reação selvagem e desorganizada?

O pior é que aqueles que estão orquestrando essa catástrofe poderão correr para seus jatinhos para ir se encontrar com suas fortunas depositadas em paraísos fiscais. Duro mesmo vai ficar para os trabalhadores e setores médios da população que, quando muito, pode acessar apenas as quinquilharias fornecidas para distraí-los da real situação em que nos encontramos.