terça-feira, 9 de outubro de 2012

Com sobrevivência ameaçada, indígenas e pescadores ocupam Belo Monte

Os manifestantes denunciam que o consórcio Norte Energia, responsável pela obra, não realizou as consultas das comunidades afetadas. E, também, que a empresa sequer reconhece parte dos atingidos.


As obras da usina de Belo Monte, próxima ao município de Altamira (PA), estão paralisadas desde a noite da segunda-feira (8). O motivo é um protesto de mais de cem indígenas e pescadores da região do Iriri que ocupam o canteiro do sítio Pimental, onde está sendo construída a barragem provisória (ensecadeira).

Os manifestantes denunciam que o consórcio Norte Energia, responsável pela obra, não realizou as consultas das comunidades afetadas (chamadas de oitivas). E, também, que a empresa sequer reconhece parte dos atingidos.

O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Antônio Claret, que atua na região, explica as reivindicações do grupo.

“Os pescadores reivindicam que eles sejam reconhecidos e querem sentar com a empresa para resolver o problema. E os indígenas querem ser reconhecidos e têm uma pauta também, que vai desde o questionamento da barragem – que atinge diretamente a vida deles -, quanto a garantia dos meios de subsistência deles.”

Dezenas de pessoas estão indo até o local para apoiar a ocupação. São pescadores, ribeirinhos, agricultores e moradores das cidades próximas, que também serão afetados pela obra.

Só na área de Altamira, a Norte Energia listou cerca de 5,2 mil famílias atingidas. Segundo Claret, essas pessoas vivem sem saber onde vão morar ou como irão sobreviver. O lago para a barragem tem previsão de encher em janeiro de 2015.

“É uma insegurança total. Pelos dados que nós temos, no geral, 70% das pessoas ou são mal indenizadas ou ficam sem indenização.”

Os indígenas já haviam paralisado as obras em junho deste ano, mas o acordo firmado para desocupação não foi cumprido pela Norte Energia, como apontam os manifestantes.

De São Paulo, da Radioagência NP, Vivian Fernandes.