sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DEU A LOUCA NA IGREJA CATÓLICA? ARCEBISPO AUXILIAR DE ARACAJU CULPA ATEUS PELA DEGRADAÇÃO MORAL DO OCIDENTE




O material abaixo vem da página do jornalista Paulo Lopes (Aqui!) e traz a posição do bispo auxiliar de Aracaju (SE), Dom Henrique Soares da Costa, que atribui a um suposto avanço do ateísmo uma condição de profunda degradação moral do Ocidente.

Eu fico imaginando que vinho o bispo auxiliar de Aracaju anda bebendo em suas homílias e fora delas. Só assim para entender o estabelecimento dessa relação, na medida em que quem anda afundada em uma profunda corrosão moral por causa de milhares de casos de abusos sexuais por padres, e o posterior ocultamento por autoridades eclesiásticas superiores, é a própria Igreja Católica.

Aliás, que culpa têm os ateus se milhões de antigos fiéis estão preferindo buscar consolo espiritual em outras denominações cristãs e não-cristãs, bem como um outro tipo de perspectiva não deística enquanto indivíduos seculares por causa do distanciamento que sentem da Igreja Católica?

Eu diria que Dom Henrique Soares da Costa deveria ler a última entrevista em vida do cardeal italiano Carlo Maria Martini (Aqui!) onde ele declarou que "a Igreja Católica parou há 200 anos" e "a nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e a burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e vestimentas são pomposos". Ai talvez ele entendesse melhor a crise moral em que o Ocidente se encontra.


Bispo de Aracaju culpa ateísmo pela decadência moral do Ocidente
Postado por Paulo Lopes


Pregação do bispo auxiliar de Aracaju lembra a retórica da Inquisição

Dom Henrique Soares da Costa, 49, bispo auxiliar de Aracaju (SE), citou o russo e a brasileira que estão leiloando sua virgindade na internet como exemplo do que ele entende ser a decadência moral do Ocidente.

O nome disso é “prostituição vulgar e grosseira falta de pudor!”, afirmou Costa em um texto cheio de exclamações publicado no domingo (7) na Gazeta de Alagoas. 

Para o bispo, a culpa da degenerescência moral é o ateísmo. “Ocidente ateu, Ocidente em franca decadência moral!”, ressaltou.

Ele escreveu que a sociedade ocidental, ao rejeitar fé cristã, a “sua matriz”, está agora entregue a uma “confusão moral, de leviandade, de inversão de valores!” E é por isso, exagerou o bispo, que a civilização está “irremediavelmente condenada à morte”. 

A argumentação do bispo, além de moralista, é rala e contém a vulgaridade de panfleto. 

De má-fé, o bispo confunde a secularização com ateísmo e pega casos episódicos para apregoar o alarmismo de botequim de que a sociedade está perdida. 

Em vez do leilão da virgindade dos dois jovens, Costa poderia citar os casos dos padres pedófilos, que são muito mais representativos em termo de uma suposta deterioração da moral. Mas o bispo, em seu texto, acobertou esses casos, a exemplo do que tem ocorrido com os líderes da Igreja Católica em relação ao seu batalhão de pedófilos. 

Dom Henrique está se tornando um contumaz critico do ateísmo. Em um artigo publicado em agosto do ano passado, ele disse que os ativistas do ateísmo querem “criar uma maldita e ridícula religião secular”. 

Obviamente, o bispo tem o direito de dizer o que quiser, mas é de se esperar que o faça de preferência com um mínimo de racionalidade, de modo a dar substância a um possível debate, eliminando-se, assim, o excesso de adjetivos e de exclamações típico do fanatismo religioso.

Íntegra do texto bispo

Absurdos sem limites...

Aonde vamos? Até onde chegará a vulgaridade da nossa sociedade de consumo, que tudo consome e extingue de moral, de respeitabilidade, de senso de vergonha, de pudor, de tudo quanto aprendemos dos nossos antepassados que era justo, reto, belo, louvável, digno?

Costa apregoa um alarmismo de butiquim

Eis a sociedade ocidental: perdeu sua matriz, a fé cristã. Foi o cristianismo a principal seiva a alimentar a consciência do Ocidente, foi a fé cristã a raiz que sustentou nossa civilização, agora moribunda e irremediavelmente condenada à morte. Assim, tudo se pode esperar de deriva, de confusão moral, de leviandade, de inversão de valores!

Pode alguém não concordar, mas afirmo: não se mantém a longo a moralidade de um povo se se elimina sua matriz religiosa. Ocidente ateu, Ocidente em franca decadência moral!

Por que escrevo isto? Pelo leilão de virgindade! Isto mesmo – e imagino que você, meu leitor, já tenho visto a internet: um jovem russo de 23 anos e uma jovem brasileira de 20 anos estão leiloando suas virgindades. Ela quer construir casas para os pobres(!) com o dinheiro arrecadado; ele, tímido(!), heterossexual, pede que respeitem(!) sua sexualidade e os homossexuais não façam lance – até agora os maiores lances são de homens!

Que pensar de tudo isto? É condenável do ponto de vista humano, do ponto de vista cristão e de todos os pontos de vista que partam de algum critério de decência. O nome disso? Prostituição vulgar e grosseira falta de pudor!

Nada justifica que pessoas brinquem assim com sua sexualidade e, pior ainda, num tremendo mau exemplo, difunda sua imoralidade como algo louvável. E mais um detalhe: os familiares apoiam ou, no mínimo, respeitam! Eis aonde chegamos. Nem Roma no seu período de degradação moral pagã chegou a estes requintes!

Basta! Não me alongarei mais. Não merece. Somente chamo atenção para a triste situação moral em que nos encontramos e da qual coisas desse tipo são sintomas. Mas, se olharmos bem, em maior ou menor escala, a mentalidade pagã e imoral (e não somente no aspecto sexual) está por toda a parte, aplaudida, endossada, defendida e difundida.

Como pode um cristão aplaudir um mundo assim? Pense nisto. Como você se coloca, meu leitor amigo? Um discípulo de Cristo não deve se amargurar, não deve ser soberbo, não deve se julgar melhor que ninguém, não deve condenar em bloco o mundo, não se arvora em juiz mesquinho, feito beata de novela. Mas, sabe distinguir o bem do mal – e seu critério é Cristo, o Filho de Deus, que a todos julgará. O cristão não deve ter medo de dizer claramente que o mal é mau e que o bem é bom.

Com transcrição da Gazeta de Alagoas.