quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PELO JEITO SÓ CRIMINOSOS DO COLARINHO BRANCO NÃO PODEM SER ALGEMADOS NO BRASIL
A notícia abaixo publicado pelo A Crítica de Manaus, um líder indígena foi preso ao tentar embarcar com um cocar no aeroporto da cidade. Mas prender o líder indígena foi pouco.  Os agentes da Polícia Federal também algemaram o líder indígena por desacato. 

Agora vamos ver se o ministro Gilmar Mendes vai ver a público para protestar pelo uso de algemas como fez no passado quando a PF prendeu alguém acusado de crimes do colarinho branco. Aliás, também estou esperando a manifestação da presidente Dilma Rousseff que também protestou contra a prática.

Ou será que em pobre, indígena ou não, pode ser algemado sem causar comoção nas elites governantes?



Líder indígena Paulo Apurinã é preso por desacato pela PF ao embarcar em voo com cocar



Por estar carregando um cocar, o líder indígena Paulo Apurinã foi barrado por um fiscal do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) quando tentava entrar na área de embarque do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Após discutir com policiais federais, ele acabou detido por desacato, algemado e levado à sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) no Amazonas, por volta de 13h30.

De acordo com o também líder indígena Jair Miranha, que acompanhava Paulo, agente ambiental federal do Ibama Sebastião Souza disse que o indígena não poderia embarcar levando seu cocar, alegando que ele era feito de penas de animais silvestres e não tinham o “selo” do Ibama.

“Isso é um desrespeito aos nossos valores culturais. Nos sentimos humilhados na nossa própria terra, passar por uma situação dessa na frente de todas aquelas pessoas, como se fôssemos bandidos. Mas somos indígenas, e esse é nosso jeito de se vestir. O cocar tem um valor cultural para os indígenas”, disse Miranha.

Segundo ele, Apurinã estava levando o cocar no carrinho de bagagens e chegou a justificar o uso do adereço ao fiscal, apresentando seu Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani), mas o fiscal não permitiu seu embarque mesmo assim e um segurança solicitou apoio da PF.

Miranha criticou a postura dos policiais federais, que foram truculentos ao algemar Apurinã e colocar o indígena dentro do veículo. Do aeroporto, ele foi levado para a sede da PF, no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste, onde deve prestar depoimento e ser liberado ainda na tarde de hoje. 


Com a confusão, Apurinã acabou perdendo o voo para Belo Horizonte, onde participaria da Conferência das Cidades, representando povos indígenas do Amazonas, no evento que começa amanha.

O outro lado

De acordo com informações prestadas pelo agente ambiental federal do Ibama, Sebastião Souza, na sede da PF, hoje à tarde, ele chegou a barrar a entrada de Paulo Apurinã no salão de embarque, uma vez que as penas usadas no cocar dele são de araras azuis.

“Foi quando ele se alterou, dizendo que nenhuma lei do branco estava acima da condição dele de índio, e começou a discussão”, relatou. Foi nesse momento que um segurança do aeroporto acionou a PF, segundo o agente.

Sebastião ainda contou ter solicitado a comprovação de que Apurinã era mesmo indígena e, após a apresentação do Rani, vendo que a discussão não cessaria, o agente do Ibama decidiu liberar a passagem do líder indígena, mesmo com o cocar.

Mas antes que os ânimos se acalmassem, os policiais federais chegaram ao local, o que teria feito com que Apurinã se exaltasse ainda mais e ofendesse os federais, segundo o agente da PF e auditor de tráfego internacional do aeroporto, Júlio César Queiroz. “Quando abordado, ele afrontou a polícia”, relatou.

Segundo informou Queiroz na sede da PF, Apurinã chegou a empurrar um dos policiais e recebeu voz de prisão, mas resistiu e passou a insultar os policiais, sendo detido e levado para a sede da PF.

Queiroz afirmou que foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e Apurinã deve responder, em liberdade, pelos crimes de desobediência e desacato à autoridade. Até as 17h, ele permanecia na PF, onde presta depoimento, e depois deve ser liberado.

O agente do Ibama, o policial federal envolvido na ocorrência, o segurança que acionou a PF e Jair Miranhã também continuam na sede da PF.