domingo, 23 de junho de 2013

Ururau informa: Acciona alega tomar 'calote' e pode pedir até mesmo a falência da OSX



Ururau

Não cumprimentos de pagamentos tornou mega empreendimento em interrogação

Que os negócios envolvendo o Superporto do Açu não andam bem não é mais novidade, e a cada momento surgem novas conclusões de que o megaempreendimento do bilionário empresário Eike Batista, vai muito mal das pernas não somente a investidores nacionais e a União, que já chegou a cogitar um entendimento com a Petrobrás, o que foi rechaçado pela presidente da Estatal, Graça Foster. Mas se no país o desinteresse é real e a preocupação com largos prejuízos tira o sono de muitos empresários e políticos, o cenário internacional não é distinto.

Há muito esse desenho começou a se consolidar quando investidores Orientais recuaram e enquanto uns não consolidaram a ida para o empreendimento, outros romperam contrato alegando o não cumprimento de prazos estabelecidos e que a empresa não cumpriu.


Neste domingo (23/06), a Folha de São Paulo trás uma matéria que expõe de forma ainda mais veemente a situação do Porto que depois de projetos audaciosos que chamaram a atenção de todo mundo, passou a ocupar os principais canais de comunicação do país por centenas de demissões.

A matéria destaca como calote o que a OSX, estaleiro do empresário Eike Batista, teria dado ao menos a um fornecedor e está sendo pressionada por bancos a pagar ou renegociar R$ 2 bilhões em dívidas de curto prazo.

Segundo a Folha apurou, a OSX não honrou um pagamento de cerca de R$ 500 milhões à construtora espanhola Acciona. As duas empresas seguem negociando, mas a Acciona não descarta pedir até a falência da OSX.

A Acciona é uma das principais fornecedoras da OSX. Segundo o balanço do primeiro trimestre do ano, a OSX deve R$ 724 milhões a fornecedores -R$ 623 milhões a companhias de fora do país.

Os espanhóis estavam construindo o píer de atracação de navios do estaleiro da OSX no porto do Açu, em São João da Barra, no litoral norte do Rio de Janeiro. O porto, que pertence a empresa de logística LLX, é outro megaprojeto de Eike.

Por meio de nota, a OSX informou que "os contratos com fornecedores têm cláusulas de confidencialidade que impedem a empresa de comentar". Os porta-vozes da Acciona na Espanha não foram localizados até o fechamento desta edição.

Advogados contratados por Eike e a equipe do banco BTG estão negociando intensamente nas últimas semanas com fornecedores e bancos credores para evitar a recuperação judicial ou até a falência da OSX.

O maior receio é um efeito dominó nas empresas do grupo EBX, que já sofrem com uma crise de confiança dos investidores. No último ano, o valor de mercado das companhias do "império X" (que reúne OGX, MPX, OSX, LLX, MMX e CCX) caiu R$ 36 bilhões, para R$ 9,74 bilhões.

A situação da OSX é tão grave que o estaleiro conta com a assessoria do escritório de advocacia Mattos Filho e contratou a empresa especializada em reestruturação de dívidas Alvarez & Marsal. Esta foi a responsável pela recuperação judicial da Varig.

Os estrangeiros estariam sendo mais duros nas negociações com a OSX do que os bancos nacionais, que temem arcar com prejuízos importantes em seus balanços.

As dívidas bancárias da OSX com vencimento nos próximos 12 meses chegam a R$ 1,922 bilhão. Os principais credores são Itaú BBA, BNDES, Caixa Econômica Federal e o Arab Banking Corporation. Segundo a nota da OSX, suas dívidas de curto prazo estão "equacionadas".

Dos R$ 2 bilhões de dívidas de curto prazo do estaleiro OSX, quase R$ 900 milhões são com bancos públicos, conforme balanço publicado pela empresa no primeiro trimestre deste ano.

O documento informa que a OSX tem uma dívida de R$ 491,5 milhões com o BNDES vencendo no dia 15 de agosto. Outro débito, de R$ 400 milhões com a Caixa Econômica Federal, vence no dia 19 de outubro.


DEMISSÕES EM MASSA DE FUNCIONÁRIOS DA OSX E ACCIONA


A OSX vem realizando demissões em massa. Na última quarta-feira (18/06), uma liminar da Justiça do Trabalhodeterminou que a empresa reintegrasse 331 funcionários que foram demitidos desde janeiro. A empresa disse que está tomando as medidas cabíveis.

Conforme a Folha apurou, as obras do estaleiro da OSX no porto do Açu estão quase abandonadas. A empresa diz que "as obras não estão nem serão paralisadas".

A OSX diz que "vem implementando o novo plano de negócios", que "foca nas atividades de leasing, que são geradoras de caixa, e na construção do estaleiro em fases".

O braço de leasing da OSX contratou a construção de três plataformas de produção de petróleo na Ásia, mas apenas uma ficou pronta e está alugada para a OGX (que também tem graves problemas).

As duas ainda em construção também seriam destinadas à OGX, mas a reportagem apurou que uma delas pode ser negociada com a Petrobras. A estatal não comenta.

LULA NO PORTO DO AÇU DE FORMA 'SECRETA'


No dia 24 de janeiro de 2013 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou pela primeira vez as obras do Superporto do Açu, em São João da Barra. A comitiva chegou ao Aeroporto Bartolomeu Lisandro por volta das 10h30, em Campos, num avião particular e seguiu para o porto de helicóptero.

Às 13h50, a aeronave retornou ao aeroporto, trazendo a comitiva, que imediatamente embarcou no avião em que chegaram.

A assessoria da LLX não divulgou nenhuma informação sobre a visita do ex-presidente que a todo tempo esteve ao lado do empresário Eike Batista, conforme registrou com exclusividade o fotógrafo do Site Ururau, Carlos Grevi. Como a equipe de reportagem do Site Ururau flagrou no Aerporto Bartolomeu Lizando de Campos a comitiva, a visita deixou de ser secreta e ganhou destaque em toda a mídia nacional.

Segundo matéria publicada na edição da Revista Veja do dia 24 de março, o ex-presidente estaria se comportando como lobista. Graças a ele, Eike conseguiu audiência com a presidente Dilma Rousseff, que prometeu ajudá-lo a encontrar parceiros para o porto. A reportagem revelou ainda que dois ministros: Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, trabalharam para convencer a Jurong Shipyard, uma das grandes companhias de construção naval do mundo, controlada pelo governo de Singapura, a transferir para o Porto do Açu o estaleiro de R$ 500 milhões que está construindo no Espírito Santo. A “manobra” teria desagradado os capixabas quando tiveram conhecimento do assunto.


Postado por: LEANDRO NUNES, Fonte: URURAU / FOLHA DE SÃO PAULO