segunda-feira, 24 de junho de 2013

Olimpíada, que Olimpíada?


Por Siro Darlan

O Rio de Janeiro sediará a Olimpíada de 2016. Parece mentira, mas os atletas olímpicos não têm onde treinar. O Parque Aquático Júlio Delamare, tombado pelo Município e pelo patrimônio histórico da União, e que onde foram gastos mais de R$ 10 milhões para reforma por ocasião do Pan Americano, está fechado e vai virar estacionamento por mero capricho da empresa IMX, que ganhou o complexo de presente.

A Confederação de Esportes Aquáticos está mandando os atletas treinarem na China, já que o Brasil é, por ser a sede finalista em todas as modalidades de esportes olímpicos e os atletas precisam treinar e no Brasil, não onde fazê-lo, já que o Maria Lenk também estará fechado para obras em janeiro. Ora transformar esse patrimônio olímpico, onde foram quebrados recordes nacionais e até mundiais em estacionamento quando todos os estudos de viabilidade tinham apontado que o estacionamento ficaria do outro lado da linha do trem é um desrespeito ao patrimônio e desperdício do dinheiro público.

A Juíza Gisele Guida, da Vara da Fazenda Pública, após inspeção pessoal no local até tentou impedir essa agressão ao bom senso, mas foi rechaçada por decisão superior. O pior é que às vésperas das Olimpíadas de 2016 sem ter onde treinar, os atletas olímpicos não têm muita esperança, já que o espaço que pertence ao exército e onde estão prometendo construir um novo complexo olímpico não comporta no novo Parque Aquático com os padrões do Júlio Delamare e um Estádio de Atletismo Célio de Barros. Enquanto isso, mais uma vez os interesses econômicos superam os interesses públicos e tiram medalhas do Brasil.

*Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.