sábado, 23 de fevereiro de 2013

O "furo" da Rede Globo e o cuidado com a saúde mental em Campos


Em uma terra de UPAs de latas e filas quilométricas, eis que a Rede Globo descobriu a situação dos pacientes com doenças mentais na cidade de Campos. Tudo muito bom, pois nenhum ser humano de ser desprovido do devido tratamento, especialmente quando se é pobre.

Agora, sem querer dar uma de advogado do diabo, esse tipo de matéria sensacionalista é uma marca registrada da Rede Globo quando quer cutucar alguém que entrou em seu caminho. Tempos atrás foram as denúncias, também com câmera escondida, de irregularidades no serviço de licitação da UFRJ. Depois se viu uma denúncia, não acolhida em suas questões centrais pelo TCU, de ilegalidades por parte da reitoria daquela mesma universidade.

Eu tive um tempo atrás uma experiência exemplar de como funciona a questão do atendimento a pacientes com problemas mentais em Campos. Ao me envolver numa agressão de um filho a uma mãe de 82 anos, porque ela queria que ele se medicasse, fiquei mais de 2 horas tentando que alguém fosse até o local recolher o agressor e medicá-lo. Ai tive que lidar com a dura realidade de que simplesmente não existem leitos suficientes na cidade de Campos por causa da nova política nacional de não institucionalizar os pacientes, nem condições de rápido deslocamento até os locais onde as famílias dos doentes vivem. E olha que neste caso o incidente se deu em área nobre dentro do Quadrado Mágico da especulação imobiliária!  De quebra, descobri que a cidade de Campos concentra pacientes de todo o norte e noroeste fluminense. Assim, eu que era um completo estranho na situação tive que ligar várias vezes para o SAMU e para o Corpo de Bombeiros, e constatei que ninguém conseguia dar uma solução.  E só depois de muita insistência consegui que o SAMU mandasse uma ambulância ao local.

Assim, querer dizer que a culpa é toda da administração municipal de Campos é uma sessão de amnésia seletiva, pois o problema também envolve o governo federal e estadual. Aliás, será que os problemas mostrados na reportagem do jornal O GLOBO são muito diferentes daquilo a que são submetidos os pacientes da rede pública municipal e estadual na cidade do Rio de Janeiro?

De toda forma, a postura do nobre secretário municipal de Saúde, Geraldo Venâncio, não foi exatamente o que se espera de uma autoridade municipal pronta a defender de forma pró-ativa a qualidade da administração de que faz parte. Bom, isto já é um problema para a senhora dona prefeita Rosinha Garotinho tratar.

Finalmente, esta matéria oferece uma excelente oportunidade aos governantes de Campos de mostrarem na prática, e não apenas no discurso, que são melhores que o (des) governador Sérgio Cabral e o (des) prefeito Eduardo Paes. Que se faça desses limões, uma bela limonada. Que se estabeleça uma política de saúde que reflita, entre outras coisas, as condições privilegiadas de financiamento que os roaylties do petróleo fornecem à cidade de Campos.