segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Governo (Federal) admite epidemia de dengue no país: 204.640 casos



Ministro da Saúde reconhece epidemia após o aumento de 190% na incidência da doença

Gustavo Gantois


O número de casos de dengue registrados no Brasil em 2013 aumentou 190% em comparação ao mesmo período do ano passado. Nas primeiras sete semanas do ano, foram confirmados 204.640 casos da doença em todo o País, ante 70.489 notificações em 2012. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pelo ministro Alexandre Padilha, da Saúde.

"Sem dúvidas que temos epidemia de dengue. Todo verão temos. Oito Estados concentram mais de 83% dos casos nessas sete semanas do ano. Aqueles Estados e municípios que não estão classificados como epidemias, não podem descuidar da prevenção e do combate", alertou Padilha.

Alexandre Padilha lembrou que oito estados concentram 83% dos casos do país

Mato Grosso do Sul é o Estado com maior número de casos de dengue registrados. Foram 42.015 notificações contra 35.334 do segundo colocado, Minas Gerais. Goiás aparece em terceiro, com 27.376 notificações. Segundo Padilha, a maior incidência da doença está nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Quando se leva em consideração o número de habitantes, Mato Grosso do Sul continua no topo da lista. A cada 100 mil habitantes, 1.677 tiveram dengue entre 1º de janeiro e 16 de fevereiro, um aumento de 4.757% na comparação com 2012. Ainda em relação à incidência, Goiás é o segundo Estado com maior número de casos de dengue em comparação com o número de habitantes. Foram 444 a cada 100 mil, pouco acima do Acre, terceiro lugar da lista, que registrou 410 notificações em cada 100 mil habitantes.

Queda nas mortes

Apesar do aumento no número de notificações, o ministro Alexandre Padilha comemorou a redução de 20% no número de mortes relacionadas à dengue em comparação às sete primeiras semanas de 2012. A redução foi ainda maior na comparação com 2010, chegando a uma queda de 77% no número de óbitos. 

Em relação aos casos graves, que acabam resultando em internações, a redução foi de 44% em relação ao ano passado e de 91% na comparação com 2010. Padilha alerta, no entanto que os dados não podem ser considerados como uma queda na prevenção e combate à doença.

O ministro creditou as reduções de mortes e casos graves da doença pela melhoria da assistência prestada à população e a antecipação de ações, como o repasse de verba adicional para o combate da doença. "Não existe dúvida: a redução se deve à ampliação dos serviços e à redução no tempo de espera de diagnóstico e tratamento", disse. 

Vírus tipo 4

O vírus tipo 4 da dengue, que era raro até 2011, já é o que mais circula no País. Foi ele que causou o maior número dos casos registrados nesse começo de ano. Em segundo lugar, aparece o tipo 1,o tipo 2 e o tipo 3. Segundo o Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a circulação do novo tipo de vírus é preocupante. 

"Toda vez que a gente tem um novo sorotipo chegando num Estado onde nunca circulou, ele encontra uma população suscetível. O País todo está suscetível, porque praticamente ninguém na população teve, o DENV-4 nunca tinha circulado no Brasil. Mas esse fator a gente não controla, o sorotipo de espalha por todo País", afirmou Barbosa, admitindo que não há ações específicas para combater esta cepa do vírus no Brasil. 

A presença dos quatro tipos diferentes do vírus é uma ameaça a mais para a saúde pública. Cada pessoa só pode ter dengue uma vez por cada tipo do vírus. Isso significa que quem já teve dengue devido ao vírus tipo 1 só pode ter a doença novamente se for infectado pelos tipos 2, 3 ou 4. Como o tipo 4 vem se espalhando com mais rapidez, aumenta na mesma proporção o risco de epidemia generalizada.

Segundo Jarbas Barbosa, caso ocorra um segundo episódio da dengue, os sintomas se manifestam com mais severidade, o que é um problema. Pode causar inflamações e, por isso, aumenta o risco de lesões nos vasos sanguíneos, o que levaria à dengue hemorrágica. Um terceiro episódio poderia ser ainda mais grave, e um quarto seria mais perigoso que o terceiro.