segunda-feira, 26 de março de 2012

Anthony Giddens critica a posição dos EUA na preparação da Rio +20 e diz que a resolução dos problemas causados pelo aquecimento do planeta serão resolvidos na escala local


Hoje como parte da minha participação na Conferência "Planet Under Pressure" (http://www.planetunderpressure2012.net/) que está ocorrendo na cidade de Londres, tive a oportunidade de ouvir o sociólogo britânico Anthony Giddens. Para quem não sabe, Giddens é  renomado por sua Teoria da Estruturação,  e é considerado por muitos como o mais importante filósofo social inglês contemporâneo, figura de proa do novo trabalhismo britânico e teórico pioneiro da Terceira Via. As idéias de Giddens tiveram uma enorme influência quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo, já que sua obra abarca diversas temáticas, entre as quais a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade.  Além disso, Giddens foi um dos primeiros autores a trabalhar o conceito de Globalização.

Pois bem, Giddens em seu pronunciamento criticou duramente a situação de preparação da Conferência Rio +20 que ele julga estar sendo empurada com a barriga. Giddens lamentou ainda a posição dos EUA, pois para ele os partidos políticos norte-americanos permitiram que houvesse uma polarização política sobre um tema que deveria estar sendo tratado dentro do grave contexto que se abre em função do aquecimento global da Terra.

Um detalhe muito interessante na fala de Giddens foi a sua posição de que os problemas que ocorrerão nos próximos anos por causa da elevação das temperaturas da Terra serão melhor resolvidos por governos operando na escala local, como é o caso dos munícípios brasileiros, visto que os governos nacionais têm se mostrado incapazes de atacar as questões de forma coerente.

Essa posição de Giddens é uma completa guinada em relação à sua defesa do conceito de Globalização, visto que coloca a solução na escala mais local, deixando a global num surpreendente segundo plano. Mas, convenhamos, se será na escala dos governos locais que a coisa terá chance de se resolver, o que podemos esperar em cidades como Campos dos Goytacazes e São João da Barra? Pelo jeito, estaremos mesmo num mato sem cachorro.