E-mails indicam que EUA redigiram "acusações secretas" contra Assange
Em Sydney
Kirsty Wigglesworth/AP
Promotores dos Estados Unidos redigiram há mais de um ano "acusações secretas" contra o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, segundo um e-mail da empresa de segurança Stratfor Global Intelligence publicado nesta quarta-feira pela imprensa australiana.
Segundo o diário "Sydney Morning Herald", o vice-presidente da empresa americana, Fred Burton, assinalou em 26 de janeiro de 2011 em mensagem interna dirigida aos analistas da Stratfor que tinha "uma acusação secreta sobre Assange".
Assange, de nacionalidade australiana, se encontra à espera que a Justiça britânica decida sobre sua extradição à Suécia por supostos delitos sexuais.
O fundador do WikiLeaks teme que seja apenas uma conspiração para que ele possa ser julgado nos EUA, que o acusam de espionagem e conspiração devido à publicação de milhares de documentos secretos.
O jornal australiano, que teve acesso aos e-mails por um convênio com o WikiLeaks, indicou que a mensagem de Burton respondia a relatórios da imprensa sobre as investigações das autoridades americanas sobre o portal fundado por Assange.
Burton, um ex-subdiretor da divisão antiterrorista do serviço de segurança diplomática do Departamento de Estado, mantém estreitos laços com a espionagem americana e outros escritórios vinculados ao cumprimento da lei, explicou o diário.
O WikiLeaks começou a divulgar na segunda-feira mais de cinco milhões de e-mails da Stratfor, escritos por empregados da empresa entre julho de 2004 e dezembro de 2011, para denunciar suas atividades "corruptas" de espionagem por encomenda de empresas e Governos, segundo explicou Assange em Londres.
Em dezembro passado, o diário revelou que documentos diplomáticos australianos confirmaram que o portal foi alvo de uma investigação por parte das autoridades americanas.
O senador Scott Ludlam, do Partido Verde, exigiu nesta quarta-feira que o Executivo australiano esclareça se sabia destas supostas "acusações secretas" contra Assange.
"Nós não permitiremos nem toleraremos que ele seja extraditado aos Estados Unidos para enfrentar acusações que possam colocá-lo na cadeia por várias décadas", disse Ludlum a jornalistas.