Três trabalhadores rurais do Movimento de Libetação dos Sem Terra são mortos no Triângulo Mineiro
Valdir Dias Ferreira, de 39 anos, Milton Santos Nunes da Silva, de 52, e Clestina Leonor Sales Nunes, de 48, foram executados com tiros na cabeça. Os três faziam parte da coordenação estadual do MLST. Eles haviam saído de carro de Prata, onde o movimento mantém acampamento na fazenda São José dos Cravos, quando foram fechados por um veículo cinza. Ferreira e Silva foram atingidos ao descerem do carro para verificar o que ocorria. Clestina nem teve tempo de sair do veículo. A única sobrevivente do crime foi uma criança de 5 anos, neta de Milton e Clestina, que a polícia ainda não sabe se foi poupada ou se não foi vista pelos criminosos.
Testemunhas informaram aos policiais que dois homens chegaram em um carro prata e pararam o veículo deles. A polícia descarta a hipótese de latrocinio (roubo seguido de morte), porque no colo de Clestina Nunes estava uma bolsa com R$ 1.600 em dinheiro. Toda a documentação das três vítimas estava espalhada pelo chão.
O secretário de Estado de Defesa Social (Seds) de Minas, o procurador de Justiça Rômulo Ferraz, determinou "prioridade absoluta" para a apuração do caso, que está a cargo da Delegacia de Homicídios de Uberlândia, mas cuja investigação também terá a participação de integrantes do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Belo Horizonte. Até o fim da tarde deste domingo, 25, porém, ninguém havia sido preso.
O caso
Segundo informações do MLST de Minas Gerais, A Usina Vale do Tijuco (com sede na cidade de Ribeirão Preto/SP) havia entrado com pedido de reintegração de posse da fazenda São José dos Cravos, apenas com um contrato de arrendamento. Essa área foi objeto de audiência no último dia 8 de março, não havendo acordo entre as partes. Dezesseis dias depois da Audiência as três lideranças que tinham uma expressiva atuação na luta pela terra na região e eram coordenadoras do acampamento foram assassinadas.
Ainda segundo o Movimento, um dia antes do assassinato, no dia 23, um dos assassinos havia ido ao acampamento acompanhado de outro rapaz, dizendo querer se juntar ao grupo. Clestina recebeu os dois em sua barraca, serviu-lhes almoço e explicou o que seria necessário para se cadastrar no acampamento. Eles disseram que voltariam depois com os documentos. No mesmo dia, já à noite, voltaram em um carro dizendo que haviam sofrido um acidente de moto e que o pai de um deles havia emprestado o carro. Perguntaram a Clestina quando ela iria à cidade, e ela informou que iria no dia seguinte e falou o horário aproximado. Eles, então, entregaram a ela um endereço onde ela poderia buscar os documentos deles. Apesar de ainda estar em estado de choque, a criança, sobrevivente da emboscada, disse que reconheceu um dos assassinos como sendo um dos rapazes que havia estado no acampamento no dia interior. Segundo ela, ele é branco e tem o cabelo cortado em estilo moicano.