terça-feira, 3 de julho de 2012

MATÉRIA NO GLOBO INDICA QUE RISCO ALTO DEMAIS AFUNDOU O PROJETO DA SIDERÚRGICA CHINESA NO AÇU

A matéria abaixo da agência de notícias Reuters que foi repercutida pelo Jornal O GLOBO coloca o dedo na ferida exposta da falta de confiança que os projetos de Eike Batista sofrem neste momento, especialmente junto a investidores em atividades reais e não apenas aqueles que especulam no mundo das bolsas de valores.

A falta de credibilidade que está afetando Eike Batista é a raiz de desistências como a dos chineses da Wisco e dos franceses da Ternium.

Mas quem não tem nada a ver com isto são os agricultores e pescadores do Açu que tiveram suas terras tomadas para a construção de duas siderúrgicas que agora evaporam no ar. O problema agora é saber como fica a situação das centenas de famílias que foram afetadas por estes projetos. Afinal, Eike Batista vai continuar descendo e subindo, e só deixará de ser bilionário caso a catástrofe se abata totalmente sobre o mundo das franquias "X".

De resto, agora resta saber aonde o (des) governador Sérgio Cabral e a prefeita de São joão da Barra, Carla Machado, vão colocar as esplendedores fotos tiradas junto com os ex-futuros parceiros da China.



Chinesa Wuhan desiste do plano de construir siderúrgica com EBX, de Eike Batista, no Rio

Estudos de viabilidade teriam concluído que o risco é alto demais



XANGAI e RIO — A Wuhan Iron & Steel, quarta maior produtora de aço da China, desistiu do plano de construir uma siderúrgica de US$ 5 bilhões no Brasil em joint-venture com o grupo EBX, de Eike Batista, após uma série de estudos de viabilidade ter concluído que o risco era muito alto, publicou nesta terça-feira o jornal chinês “21st Century Business Herald”.

Citando duas fontes não identificadas, o jornal afirma que problemas de logística, transporte e fornecimento de carvão de coque eram os principais motivos da decisão.

A siderúrgica, que seria instalada na zona industrial do porto de Açu, que está sendo erguido no Rio pela LLX — que integra o conglomerado de Eike —, exigiria a construção de uma ferrovia de 300 quilômetros para transportar matéria-prima para a usina. Procurada no Brasil, a EBX não pode comentar o assunto de imediato.

— O custo da construção de uma ferrovia tão longa é muito alto e aumentou muito o valor total do projeto — disse uma das fontes ao jornal.

A divulgação do abandono dos planos da Wuhan acontece logo após o grupo EBX perder mais de R$ 10 bilhões em valor de mercado na Bolsa — queda desencadeada pela notícia de que a petrolífera OGX produzirá apenas um quarto do que divulgava nos cenários mais otimistas (até 20 mil barris diários de óleo em cada um dos dois poços do campo Tubarão Azul na Bacia de Campos). Ocorre também no momento em que o grupo alemão ThyssenKrupp estuda opções de venda para a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), usina recém construída no Rio que passou por estouros de orçamento e cronograma e problemas ambientais.

A possível desistência também ocorre em um dos piores momentos da indústria de produção de aços planos no Brasil, em meio ao excesso de oferta internacional, custos elevados e lentidão do mercado interno. No final de junho, o Instituto Aço Brasil (IABr) reduziu sua previsão de produção de siderúrgicas do país em 2012, de 37,5 milhões para 36 milhões de toneladas.

A Wuhan fez vários estudos de viabilidade nos últimos três anos e concluiu todas as vezes que havia muitos riscos, que poderiam fazer os custos dispararem.

A siderúrgica, com capacidade para 5 milhões de toneladas por ano, seria o maior investimento da China no Brasil e a maior siderúrgica do país no exterior. O cronograma inicial previa início de produção em 2012.

O projeto era uma joint-venture da Wuhan com o grupo EBX. O grupo chinês teria uma participação de 70%.

As siderúrgicas da China, maior produtor mundial de aço, têm tentado expandir suas operações de manufatura no exterior, mas os esforços têm obtido pouco sucesso.

Em 2003, uma das maiores siderúrgicas chinesas, a Baosteel começou a negociar com a Vale para a construção conjunta de uma usina no Brasil. Embora tenham chegado a um acordo em 2007 para levantar a unidade no Espírito Santo, a crise global financeira obrigou as empresas a cancelarem o projeto.

Outras siderúrgicas chinesas, como a Jinan e a Tangshan, também fracassaram em seus planos para o exterior, segundo a imprensa local. 


FONTEhttp://oglobo.globo.com/economia/chinesa-wuhan-desiste-do-plano-de-construir-siderurgica-com-ebx-de-eike-batista-no-rio-5376830