RAQUEL LANDIM, DE SÃO PAULO
A OSX, do empresário Eike Batista, e a espanhola Acciona declararam um "trégua". de três semanas. Durante esse período, os espanhóis não vão tomar qualquer medida judicial contra o estaleiro e vice-versa.
As duas empresas estão negociando o pagamento de uma dívida em atraso da OSX com a construtora, que soma cerca de R$ 500 milhões, conforme revelou a Folha no domingo passado.
A "trégua" foi acertada após a publicação da reportagem. Os representantes de Eike teriam sinalizado que podem pagar parte da dívida.
A OSX informou por e-mail que "não irá comentar sobre a negociação em curso com a Acciona, uma vez que tais negociações são sujeitas a severas obrigações de confidencialidade". A Acciona também preferiu não comentar.
O grupo EBX espera conseguir renegociar as dívidas de curto prazo com os bancos nas próximas semanas. Com a ajuda do banco BTG, também está tentando vender ativos para fazer caixa.
A mineradora MMX está em negociações com as "tradings" Glencore e Trafigura para vender uma participação ou ativos, como o porto do Sudeste, conforme antecipou a Folha e foi confirmado pela empresa.
A LLX, braço de logística do grupo, também informou ao mercado que contratou assessores financeiros para buscar parceiros. Segundo apurou a reportagem, por enquanto, a empresa apenas concedeu um mandato ao BTG, mas ainda não há interessados firmes.
ARBITRAGEM
Durante a "trégua", Acciona e OSX se comprometeram a não pedir a instalação de um tribunal de arbitragem, que está previsto em contrato e seria a primeira instância judicial para resolver o conflito.
A OSX nega que tenha dívidas em atraso com a Acciona e diz que está renegociando os contratos com os fornecedores, porque decidiu realizar em fases a construção do estaleiro no porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
Sergio Moraes 10.dez.11/Reuters
Trabalhador caminha diante de plataforma da OSX
A empresa admitiu que está negociando com a Acciona "obrigações de parte a parte", mas não especificou quais são as "obrigações".
Conforme apurou a reportagem, a OSX fez questionamentos técnicos sobre algumas obras entregues pela Acciona, o que foi visto pela empresa espanhola como uma maneira de protelar o pagamento das dívidas.
Anteontem, a OSX fechou acordo com o Ministério Público (MP) do Trabalho de Campos do Goytacazes (RJ) para conceder benefícios a 331 trabalhadores demitidos. Até o fim de maio, a Acciona dispensou 896 pessoas e previa demitir mais 250, diz o MP.