Após ouvir a notícia de que a reitoria da UENF decidiu apresentar a minuta da quebra da DE para apreciação dos laboratórios, cheguei à conclusão de que os ocupantes do auto-pudê uenfiano decidiram partir para a disputa aberta. Segundo o que ouço de fontes fidedignas, há nas hostes dominantes a noção de que os docentes que vão nas assembleias da ADUENF são uma minoria facilmente derrotável, pois não passam disso, uma minoria.
Como estou acostumado a refletir sobre os conceitos do ponto de vista histórico, creio que nunca é preciso lembrar que Maria Antonieta e seu esposo, o Rei Luis XVI da França, também olhavam para o povo e pensavam que não passavam de uma mera minoria, o que deu origem ao famoso "querem pão, dê-lhes brioches". E o fim do casal, a gente aprende nos livros de história.
Entretanto, como a história da UENF ainda está sendo construída, e o que me causa espanto é esse autismo profundo que corrompe nossos dirigentes que os impede de olhar um pouco melhor para o estado de ânimo do professorado uenfiano. Se tivessem o mínimo de curiosidade abandonar o convívio dos áulicos, saberiam que essa proposta de desmanche da espinha dorsal da UENF causa tanta indignação quanto espanto. E que se algum parecem letárgicos é por não acreditarem que não é o governo do estado que está tentando fazer isso, mas um grupo que foi eleito para fazer o melhor pela UENF (felizmente não com o meu voto). O pior é que isto tudo nos obriga a um exercício que certamente envolverá dispêndios de energia que poderiam estar sendo usados em outras coisas mais positivas.
Mas como já disse antes, o que se vê é que as pontas desse novelo estão se encontrando e ajudando a muitos a entenderem a importância que barrar essa minuta acabou ganhando para a vida da instituição. O mais incrível é que tendo sido derrotada de maneira avassaladora na assembléia da ADUENF, a reitoria ainda continua incensada e disposta a comprar essa briga. E tudo isso para que? Para implantar cursos tipo "Flex"? E qual interesse isso serve? À qualidade e ao aumento da capacidade da UENF de produzir bons profissionais, no melhor estilo do profissional cidadão com que sonhava Darcy Ribeiro.
Como alguém astuto já observou, as chances que teremos de acampar na frente da reitoria para defender a UENF se apresentam como muito maiores do que lançar acampamento na frente do Palácio Guanabara ou na casa do (des) governador Cabral. E eu tenho que reconhecer que essa chance realmente parece ser mais real a cada nova revelação que aparece. E não seria a primeira que a comunidade da UENF acamparia na frente do prédio da reitoria para defender o projeto de Darcy Ribeiro em todos os diferentes aspectos.
No mais, é preciso lembrar aos nobres membros da reitoria que o quórum qualificado para fazer qualquer mudança estatutária não é 2/3 de 2/3 do quorum qualificado do CONSUNI. Se fosse assim seria fácil. Quem faz a conta desse jeito só pode fazer por duas razões: 1) desconhece a aritmética ditada pelo Estatuto da UENF, ou 2) acha que nenhum membro do Conselho Unversitário vai notar a diferença entre uma coisa e outra.