Todas as empresas do homem que já foi o 7º mais
rico do mundo estão com problemas de caixa, que precisam pagar ou renegociar
dívidas até março de 2014; endividamento de curto prazo das empresas do
"império X" representa 33% das dívidas totais do grupo, que chegam a
R$ 23,7 bilhões; crise de confiança do grupo começou há um ano, quando um campo
de petróleo da OGX frustrou significativamente as expectativas de
produção; ações da OGX Petróleo e Gás, principal empresa do grupo, estão
sendo negociadas a níveis que sugerem que um calote é iminente.
247 – O “Império X”, de Eike
Batista, desmorona a cada dia. Representantes do empresário, que já foi o mais
rico do Brasil, estão recorrendo aos bancos para renegociar dívidas de curto
prazo, que chegam a R$ 7,9 bilhões, segundo informa reportagem da Folha. Esse
valor representa 33% das dívidas totais do grupo, que chegam a R$ 23,7 bilhões.
Cerca de R$ 9 bilhões dos empréstimos de longo prazo foram feitos pelo
BNDES. Ele colocou à venda todos os ativos das empresas e pode perder o
controle majoritário do grupo. Há, entre investidores, temor de um megacalote.
As ações da OGX Petróleo e Gás, principal empresa do grupo, estão sendo
negociadas a níveis que sugerem que um calote é iminente.
Eike é proprietário
de um conjunto de empresas – além da OGX, há a MMX (minério), a LLX
(logística), a OSX (estaleiro), a MPX (energia) e a CCX (carvão) –, todas com
problemas de caixa, que precisam pagar ou renegociar dívidas até março de 2014.
Em comunicado ao mercado, o grupo EBX informou que só tem dívidas de longo
prazo, mas estava se referindo apenas à holding. O nó está nas empresas,
enquanto a holding tem pouca dívida.
Nos últimos
12 meses, as ações das empresas caíram entre 24,6% (MPX) e 85% (OSX) na Bolsa
de Valores. Entre os bancos, os principais credores são Itaú BBA, Bradesco e
BNDES, que emprestaram pelo menos R$ 1 bilhão cada um para pagamento no curto
prazo. Em seguida, vem a Caixa, com R$ 750 milhões. As empresas de Eike têm
dívidas de curto prazo com 11 bancos diferentes.
A crise de
confiança do grupo começou há um ano, quando um campo de petróleo da OGX
frustrou significativamente as expectativas de produção. A partir daí, os
investidores começaram a questionar a capacidade do empresário de "entregar".
As dúvidas
sobre a OGX contaminaram a OSX, estaleiro criado para produzir as plataformas
para a petroleira. Os negócios de Eike são todos interligados, o que significa
ganhos de sinergia, mas também rápida deterioração em caso de crise.
Com exceção
da MMX, todas as outras empresas de Eike "queimaram caixa" no
primeiro trimestre, o que significa destruir riqueza. Isso em razão do alto
endividamento e/ou porque a operação ainda não consegue produzir o suficiente
para fazer frente aos compromissos.
Com a ajuda
do banco BTG, de André Esteves, Eike já vendeu uma fatia da MPX para a E.ON,
uma participação num campo de petróleo da OGX para a Petronas e está em
negociações com Trafigura e Glencore para vender parte da MMX.
Também está
em busca de investidores para LLX e OSX, mas até agora as conversas não
avançaram. Praticamente todos os ativos do grupo estão à venda, inclusive o
hotel Glória, no Rio.
A tendência é
Eike manter uma fatia minoritária nos negócios que criou, podendo até chegar a
perder o controle. O que ninguém sabe ainda é se isso será suficiente para
salvar o império daquele que já foi o sétimo homem mais rico do mundo.
Do ponto de
vista dos investidores, resultados negativos das empresas do grupo EBX devem
abalar ainda mais a confiança do mercado. Uma das principais preocupações do
mercado com o grupo é o endividamento das companhias. Com o objetivo de acalmar
os investidores, Eike anunciou recentemente que a holding EBX concluiu a
restruturação da sua dívida. Segundo ele, restaram apenas as dívidas de longo
prazo, que têm um custo menor.
Em meio a
essa reestruturação e com limitação de caixa, o grupo também tem negociado a
venda de ativos. Para um analista que preferiu não se identificar, a dívida
maior (quando é feita a conversão para o real) pode ser um fator negativo nas
negociações.Na opinião dele, quem pretende comprar alguma empresa do grupo pode
oferecer menos por ela usando o argumento do aumento da dívida.
Segundo a
Bloomberg, o patrimônio de Eike, que já chegou a ser um dos dez homens mais
ricos do mundo, agora é de US$ 4,7 bilhões --ele não aparece mais no ranking de
200 pessoas mais ricas. Hoje, a principal fonte de riqueza é formada por
dinheiro e outros ativos (US$ 1,25 bilhão). Todas as seis empresas do grupo
EBX, com exceção de uma, perderam mais de 90% de seu valor desde que atingiram
as suas máximas.
Eike, que foi
o mais bem-sucedido empresário do Brasil durante o boom de commodities, tem
sido obrigado a ver uma das maiores fortunas do mundo desaparecer. Ela encolheu
em mais de US$ 20 bilhões e isso lhe custou o título de mais rico do Brasil.
Sem fluxo de caixa positivo ou lucro, pagar a dívida exige que as empresas do
grupo EBX gastem um dinheiro que seria mais bem utilizado para concluir
projetos e aumentar receita.