sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Valor Econômico confirma que Petronas negocia fatia na OGX




Imersa numa imensa crise de desconfiança após estimativas erradas e altas custos operacionais decorrentes do processo de exploração de petróleo na Bacia de Campos, a OG (X) já perdeu R$ 15,5 bilhões do seu valor de mercado.

Agora, parece mais evidente do que nunca que Eike Batista resolveu tentar vender fatias de suas empresas, na velha tática de entregar os anéis para não perder os dedos. Vamos ver até onde isso vai., e qual será o tamanho  da fatia que a PEtronas vai levar.

Leia a matéria abaixo assinada pela jornalista Cláudia Schüffner e entenda melhor os problemas que afligem a OG(X) neste momento.

Petronas, da Malásia, negocia fatia na OGX

Por Cláudia Schüffner | Do Rio


O empresário Eike Batista está negociando uma fatia de sua empresa de petróleo, a OGX, com a Petronas, empresa estatal da Malásia, como informou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Batista esteve em Kuala Lumpur, capital do país do Sudeste Asiático, em agosto do ano passado. Na ocasião, o governo malaio informou que o empresário pretendia investir US$ 6 bilhões naquele país, em projetos não definidos na ocasião. Foi então marcada a primeira viagem de executivos da Petronas ao Brasil. Desta vez, chegaram antes do Carnaval. Procurada, a OGX informou que "não comenta rumores".

A estatal malaia produziu pouco mais de 1,1 milhão de barris de óleo equivalente (BOE) em 2012, já descontada a participação de terceiros nos 1,56 milhão de barris produzidos até setembro do ano passado, segundo o último balanço disponível. Não é a primeira vez que Batista negocia uma fatia da OGX. Em abril de 2010, ele anunciou a intenção de vender 20% da empresa. Negociou com as chinesas China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e a Sinopec, mas o negócio não foi adiante porque teriam achado o valor atribuído à empresa muito elevado.






Na época do primeiro anúncio de venda, Batista, em entrevista veiculada pela XP Investimentos, disse que o custo unitário de produção (lifting cost) da OGX seria de US$ 8 por barril, entre outras informações. Mas esse valor parece ter sido subestimado - somente com logística de transporte a empresa gastou quase esse montante (cerca de US$ 7). Com uma campanha de perfuração agressiva, a OGX passou a sofrer crise de confiança após uma série de desapontamentos relacionados a estimativas não confirmadas de reservas e volumes de produção.

Atualmente, a OGX produz petróleo em três poços perfurados no campo Tubarão Azul, antigo Waimea, na Bacia de Campos. A produção está em 13,2 mil barris por dia (uma média de 4,4 mil barris por poço) e um quarto está previsto para ser perfurado. É ainda pouca utilização da capacidade de processamento da plataforma OSX 1 - uma unidade do tipo FPSO capaz de processar e escoar 80 mil barris/dia - que tem um custo de afretamento elevado. A petroleira já vendeu quatro cargas totalizando 2,4 milhões de barris de petróleo e que geraram uma receita líquida de R$ 494 milhões.

O custo de extração nas áreas da OGX na Bacia de Campos, parte trazida por dificuldades relacionadas à geologia dos reservatórios, também se mostrou elevado. Toda a produção passou a ser vista como mais desafiadora do que a empresa vinha prometendo ao mercado desde o início de sua campanha exploratória e as ações da petroleira sofreram quando o mercado percebeu dificuldades que não estavam previstos nas projeções de receita da companhia.

Em junho do ano passado, após a primeira confirmação de que a produção de cada poço seria de 5 mil barris e não os 18 mil a 20 mil barris que a direção da companhia vinha sugerindo, as ações começaram a cair e Batista passou a enfrentar uma crise de confiança do mercado.

Foi quando o empresário afastou o então presidente da OGX, o geólogo Paulo Mendonça, ex-Petrobras. Desde então, as ações tiveram desvalorização de 57%. Desde aquele dia até ontem, a empresa perdeu R$ 15,5 bilhões de seu valor de mercado. Ontem as ações fecharam cotadas a R$ 3,60, valorização de 11,80%.