O (des) governador Sérgio Cabral não é o personagem Gulliver criado pelo escritor Jonathan Swift, mas tem muitas viagens para quais as explicações são difíceis de dar. A Folha de São Paulo acaba de flagrar uma omissão sobre nada menos que 35 viagens feitas por Cabral que não foram devidamente explicadas.
E no meio disso há certamente muitas festas do guardanapo como as que foram amplamente divulgadas. Enquanto isso, o funcionalismo fluminense vive afundando em meio à dívidas por causa dos salários liliputeanos que são pagos pelo (des) governo comandado por Cabral, o Gulliver das Laranjeiras
Governo do Rio omitiu 35 dias ao informar viagens de Cabral
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
O governo do Rio omitiu 35 dias de viagens do governador Sérgio Cabral (PMDB) ao prestar esclarecimentos sobre as viagens internacionais que ele fez em seu primeiro mandato à frente do Estado.
Documentos obtidos pela Folha com base na Lei de Acesso à Informação mostram que, de 2007 a 2010, o governador ficou pelo menos 134 dias no exterior ao participar de 27 missões oficiais.
Editoria de Arte/Folhapress
Em maio do ano passado, nota preparada pela assessoria de Cabral informou que o governador passara 99 dias fora do país -ou seja, 35 dias a menos do que revelam os documentos obtidos agora.
A nota divulgada no ano passado foi uma resposta a um questionamento feito pela Folhana época em que foram divulgadas fotos de Cabral com o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, em Paris.
Os documentos obtidos agora são processos administrativos que aprovaram o pagamento de diárias para Cabral e as pessoas que o acompanharam nessas viagens.
Das 27 missões oficiais realizadas no período, foram liberados relatórios referentes a vinte. Em seis viagens, não houve pagamento de diárias. O governo não liberou o processo referente a uma viagem, sem dar justificativa.
Questionada sobre a divergência entre os relatórios e as informações prestadas há um ano, a assessoria de Cabral afirmou que em 2012 só divulgou datas em que o governador teve compromissos "que mereceram publicidade".
Os documentos obtidos pela Folha mostram que, em três viagens à Europa, Cabral recebeu diárias dos cofres públicos por períodos em que não havia nenhum compromisso oficial em sua agenda.
Isso ocorreu na viagem de setembro de 2009 a Paris, em que Cabral e assessores foram fotografados ao lado de Cavendish. Ele recebeu R$ 6.384 em diárias por essa viagem.
Embora seus compromissos oficiais só tivessem início em 14 de setembro, o governador embarcou no dia 10 para Paris e recebeu diárias pelos três dias que passou na cidade antes da missão oficial.
A assessoria de Cabral diz que ele participou nesses dias de encontros preparatórios para a apresentação da candidatura do Rio como sede da Olimpíada de 2016, mas os documentos não fazem referência a essas reuniões.
O mesmo ocorreu em duas outras viagens do governador, para Paris e Londres, em 2008. Ele embarcou bem antes do início de seus compromissos oficiais e recebeu recursos públicos para cobrir suas despesas nesses dias.
O relatório sobre outra viagem, que levou Cabral a Davos, na Suíça, em 2009, informa que antes ele passou em Paris, onde se hospedou num hotel que cobrava diária de US$ 350. Na Suíça, o hotel de Cabral cobrou US$ 95 por dia.
Os relatórios do governo mencionam os preços das diárias, mas não dão os nomes dos hotéis em que o governador ficou. De acordo com sua assessoria, Cabral precisou dormir em Paris para esperar uma conexão para a Suíça.
Os documentos obtidos pela Folha só têm informações sobre o primeiro mandato de Cabral porque o pagamento de despesas em viagens oficiais passou a ser feito com cartões de crédito corporativos, e não mais com diárias.
Seguindo padrão adotado pelo governo federal, o Rio classificou os documentos que detalham as despesas com os cartões como "reservados" e poderá mantê-los em sigilo por cinco anos.