domingo, 17 de fevereiro de 2013

Eike quer dar presente de grego para a Marina brasileira

Barco do empresário Eike Batista pode ser doado para a Marinha


DIANA BRITO DO RIO

Ancorado na Marina da Glória, zona sul do Rio, a embarcação Pink Fleet pode deixar de fazer eventos e passeios turísticos na baía de Guanabara, no Rio.

Seu proprietário, o empresário Eike Batista, quer doar a embarcação para a Marinha.

Há sete anos, Eike trouxe o barco para o Rio. Sua intenção era transformá-lo em mais uma atração turística da cidade, a primeira de uma frota de embarcações de luxo que fariam passeios pela baía de Guanabara e poderiam ser alugadas para eventos, mas o projeto não deslanchou.

A embarcação Pink Fleet, usada para eventos e passeios turísticos na baía de Guanabara, no Rio

O Comando de Operações Navais confirma que analisa a proposta feita pelo grupo EBX de possível doação do Pink Fleet, mas a Folha apurou que há quem veja a oferta do milionário como um "presente de grego", já que seria preciso adaptar a embarcação para uso militar.

O navio poderia ser utilizado pela Marinha para treinamento de pessoal. Segundo o comando do 1º Distrito Naval, Eike manifestou a intenção de doar o barco em correspondência à corporação.

A Marinha afirmou, em nota, que "vislumbra a possibilidade de emprego [...] como embarcação escola, de assistência médica e odontológica ou, ainda, em outro emprego, dependendo de uma avaliação técnica mais aprofundada, que ocorrerá conforme progredirem as conversações legais a respeito".

O barco, de 1973, é de fabricação alemã e tem capacidade para 400 passageiros. De bandeira panamenha, ele foi reformado em 2007. Tem 54 metros de comprimento, quatro conveses e seis ambientes com restaurantes, pistas de dança e sala de reuniões.

Para Floriano Pires, professor da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia) e presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval, a oferta pode ser interessante para a Marinha se for constatado que a embarcação passou por uma boa reforma em 2007. Segundo o especialista, a vida útil do navio seria de mais 10 ou 15 anos.

"Como ela está sendo doada, o custo de capital é zero. Então, é melhor operar essa embarcação do que construir uma nova para fazer a mesma coisa. A não ser que ela tenha problemas específicos", disse.

Apesar de a Marinha ter informado que foi procurada por Eike com a proposta de doação, a assessoria do grupo EBX, do empresário, diz que não comenta o assunto.

Neste ano, pela primeira vez desde que começou a operar no Rio, o navio não abriu agenda para que interessados programassem eventos. Segundo o Pink Fleet, o barco passa por manutenção.